Folha de S. Paulo


Saldo externo na Bolsa soma R$ 17 bi até julho, mais que o total de 2015

Alessandro Shinoda - 8.ago.2011/Folhapress
Somente no mês passado houve a entrada líquida de R$ 4,61 bilhões em capital estrangeiro na Bovespa

As compras de ações por investidores estrangeiros na Bovespa superaram as vendas em R$ 4,61 bilhões em julho. Foi o segundo melhor mês do ano, atrás de março, quando houve o ingresso líquido de R$ 8,39 bilhões de capital externo na Bolsa.

O movimento contribuiu para que o Ibovespa, o principal índice da Bolsa paulista, ganhasse 11,22% em julho e 32,20% nos primeiros sete meses do ano.

No acumulado de 2016, o saldo externo na Bolsa está positivo em R$ 17,26 bilhões. O volume já supera toda a entrada líquida de recursos estrangeiros no mercado acionário brasileiro em 2015, que somou R$ 16,39 bilhões.

Vários fatores contribuíram para o forte volume de capital externo na Bovespa no mês passado, mas o principal deles são as apostas de que a economia brasileira deve ganhar impulso após o julgamento definitivo da presidente afastada, Dilma Rousseff, no processo de impeachment no Senado. O processo deve ser concluído no início de setembro.

Na visão do mercado, se o presidente Michel Temer deixar a interinidade, ele terá mais condições de levar as reformas econômicas adiante.

Saldo externo na Bolsa em 2016 supera 2015 - em R$ bilhões

Havia ainda, no mês passado, a perspectiva de que os bancos centrais adotassem medidas agressivas de estímulo para evitar a desaceleração da economia global após o brexit — decisão dos britânicos de deixar a União Europeia —, o que não se concretizou até o momento.

As apostas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) só deve elevar os juros a partir de dezembro favoreceram o fluxo para a Bolsa brasileira. A indicação do Banco Central brasileiro de que a taxa básica de juros (Selic) não deve cair no curto prazo por causa das pressões inflacionárias também manteve o mercado brasileiro atrativo a investidores.

Estrangeiros vão às compras na Bovespa - Resultado líquido (entradas menos saídas), em R$ bilhões

Para Raymundo Magliano Neto, presidente da Magliano Corretora, o Ibovespa já subiu muito neste ano, e não há motivos para o índice avançar mais, e sim para uma realização de lucros.

"O impeachment já está no preço dos ativos, e ainda deve demorar para surgirem sinais de melhora concreta da economia. Mesmo porque isso depende de as medidas de ajuste fiscal passarem no Congresso", afirma.

Conforme Magliano, boa parte dos recursos que entraram na Bolsa é de capital especulativo, e não de longo prazo. "Isso aconteceu por causa do excesso de liquidez mundial, mas o humor dos investidores já começa a mudar em agosto", comenta.

Ele aponta como preocupações para o mercado global a eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, sinais de desaceleração da economia chinesa e as turbulências na Turquia, entre outros fatores.


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