Os serviços de bloqueio de publicidade nos meios digitais devem ser vistos não como um "obstáculo", mas como um alerta para as marcas de que é preciso criar uma comunicação publicitária mais relevante e criativa.
"O crescimento dos 'ad blockers' nos ajuda a lembrar que quem está no comando da comunicação é o consumidor", diz Abel Reis, CEO da rede Dentsu Aegis Network no Brasil, no Arena do Marketing, evento organizado pela Folha em parceria com a faculdade ESPM.
"É possível encontrar caminhos que façam sentido para todos os players, inclusive os veículos. A evolução natural é que as pessoas passem a pagar por conteúdo de qualidade", disse o executivo em evento que teve transmissão ao vivo pela TV Folha e contou com a participação do professor da ESPM Rafael Marchesi Camanho.
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BIG DATA
Boa propaganda deve fazer bom uso de recursos e ferramentas tecnológicas. Mas isso não exclui a criatividade. O desafio é como os criativos podem, do ponto de vista da linguagem, tirar proveito do potencial das ferramentas, das técnicas, para se comunicar melhor com os corações e as mentes dos consumidores.
'AD BLOCKER'
É um desafio para a publicidade criar condições para que consumidores se interessem mais pelo conteúdo e pela experiência que estamos proporcionando a eles do que pelo mecanismo de bloqueio de anúncios. Mas nos ajudam a lembrar que quem está no comando é o consumidor.
MÁ EXPERIÊNCIA
O crescimento dos 'ad blockers' vem muito pela qualidade da experiência com publicidade no celular. O celular é definitivamente uma tela na qual a presença desenfreada e pouco padronizada da publicidade pode causar um grau de transtorno e irritação muito grande.
Joel Silva/ Folhapress | ||
Abel Reis, CEO da Dentsu Aegis Network, um dos maiores conglomerados de marketing do mundo |
VEÍCULOS
Naturalmente os veículos têm aí um inimigo da monetização da sua oferta de conteúdos e serviços. Por outro lado, há sempre meios para, criativamente, "publishers" e agências de publicidade propiciarem acesso a conteúdos e experiências mais ricas. Oferecendo conteúdo premium por assinatura, por exemplo.
RELEVÂNCIA
Se o consumidor percebe que o fato de bloquear tudo ou bloquear muito não lhe permite acessar informações relevantes e úteis, rapidamente ele vai tomar a decisão de reverter e nos permitir, enquanto marcas, estabelecer dialogo em bases mais toleráveis. Mas é inevitável que você precise de mais informações do interlocutor para falar coisas que fazem sentido para eles.
CONTEÚDO PAGO
Acredito que a evolução natural é que as pessoas paguem por um conteúdo de qualidade. Vivemos uma abundância de informação, de conteúdo e serviços, mas ao mesmo tempo vivemos uma relativa escassez de qualidade, confiabilidade e reputação. Quando você conecta a expectativa que os consumidores em amadurecimento passam a ter por qualidade e reputação e alinha isso com a oportunidade de oferecer conteúdos e serviços diferenciados pelo lado dos veículos e das marcas, em algum ponto a gente vai encontrar equilíbrio
PRIVACIDADE
Esse assunto está crescendo no Brasil e é fundamental para que a gente não dê um tiro no pé. O extremo da personalização não pode ser a completa falta de privacidade e a impossibilidade do consumidor de poder bloquear, controlar, ou eliminar o acompanhamento da sua atividade nos meios digitais. Temos que encontrar um patamar que permita ao consumidor, a qualquer momento, possa desabilitar o rastreamento das suas informações. Estamos nessa direção, não tenho dúvida.