Folha de S. Paulo


Balança registra superavit de US$ 4,6 bi em julho e renova recorde no ano

O saldo da balança comercial brasileira, em julho, teve superavit de US$ 4,58 bilhões —maior valor para o mês desde julho de 2006, quando o saldo ficou positivo em US$ 5,65 bilhões—, informou nesta segunda-feira (1º) o Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).

No acumulado do ano, o superavit alcança US$ 28,23 bilhões, maior valor desde o início da série histórica, em 1989. Anteriormente, o melhor saldo foi alcançado em 2006, com US$ 25,19 bilhões. O Mdic estima que o saldo comercial deste ano deva alcançar US$ 45 bilhões. O Banco Central é mais otimista. A autoridade monetária espera um saldo positivo de US$ 50 bilhões para o ano.

O superavit de julho é resultado de US$ 16,33 bilhões em exportações menos US$ 11,75 bilhões em importações. Em ambas as pontas do comércio exterior, o volume negociado foi menor do que no ano passado. O que explica o superavit é a queda maior das importações.

Enquanto que as vendas de mercadorias ao exterior em julho caíram 3,5% em relação a igual período de 2015, as compras registraram um tombo de 20,3%.

Essa é uma tendência observada ao longo de todo o ano e é explicada em grande parte pela queda da atividade econômica.

As exportações, no entanto, apresentam um declínio menor porque o câmbio tem deixado os preços de mercadorias brasileiras mais competitivas no mercado internacional.

Apesar da valorização recente do real frente ao dólar, o Mdic entende que a balança não deve ser afetada tão rapidamente.

"Acompanhamos de perto a questão do câmbio e, por enquanto, não prevemos uma influência. As exportações são contratadas com antecedência, e as importações estão mais ligadas à atividade econômica do que ao preço do dólar. Além disso, a média da taxa de câmbio deste ano deve ficar acima da do ano passado", afirma Herlon Brandão, diretor do departamento de estatística do Mdic.

CONTA PETRÓLEO

O saldo negativo da chamada conta petróleo —quanto o Brasil importa e exporta de petróleo e derivados— foi reduzido para US$ 26 milhões em julho. No mesmo mês do ano anterior, essa conta apresentou um deficit de US$ 170 milhões.

A queda nos preços internacionais do petróleo, aliada ao aumento da exportação do produto pelo Brasil e à queda da atividade econômica, está fazendo com que o saldo, mês a mês, caia mais. Em junho, por exemplo, essa conta foi superavitária em US$ 241 milhões, o que reduziu bruscamente o saldo negativo.

O Mdic explica que a operação de novas plataformas está impulsionando a produção e elevando o volume exportado. Com a queda dos preços e da atividade econômica, a importação tem tido cada vez menos peso.

Assim, mesmo que no acumulado ano o deficit esteja em US$ 983 milhões, cerca de 75% menor do que no ano passado, o Mdic não descarta que o sinal se inverta e a conta petróleo apresente um superavit até o final de 2016.

Porém, essa trajetória, que aponta certa independência das importações, deve voltar a aumentar à medida que o país volte a crescer.

"A estimativa é de um deficit cada vez menor e não está descartado um superavit até o final do ano. Mas o Brasil é historicamente deficitário e é difícil falar em autossuficiência. À medida em que a economia se recupere, a importação de petróleo vai aumentar", afirmou Brandão.


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