Folha de S. Paulo


Yahoo! é vendido para operadora americana Verizon por US$ 4,8 bilhões

Julie Jacobson - 21.abr.15/Associated Press
Presidente-executiva do Yahoo!, Marissa Mayer: empresa foi vendida para a Verizon
Presidente-executiva do Yahoo!, Marissa Mayer: empresa foi vendida para a Verizon

A operadora de telecomunicações americana Verizon confirmou nesta segunda-feira (25) o acordo para comprar os negócios de internet do Yahoo! por US$ 4,83 bilhões em dinheiro.

Assim, o histórico site se une a outra potência das origens da web, a AOL, que também pertence à operadora –ambos acabaram sucumbindo à competição com o Google e seu sistema de buscas mais inteligente e ao Facebook, que domina a era das redes sociais.

A expectativa é, agora, formar uma companhia que seria a terceira maior em termos de faturamento com publicidade.

"Um ano atrás nós compramos a AOL para impulsionar nossa estratégia de oferecer uma conexão que 'ultrapasse a tela' para nossos consumidores, criadores e anunciantes. A compra do Yahoo! vai colocar a Verizon em uma posição altamente competitiva como uma companhia global de mídia para celular, e ajudará a acelerar nossas receitas com publicidade digital", afirmou em nota o presidente da Verizon, Lowell McAdam.

Marissa Mayer, contratada há quatro anos pelo Yahoo! com a missão, um tanto mal-sucedida, de revigorar o site, tenta passar a mensagem de que o negócio marca uma nova fase para a empresa, que existe há 22 anos (e não o seu fim).

"É uma ótima oportunidade para que o Yahoo! melhore sua distribuição e acelere o trabalho nas áreas de aplicativos móveis, vídeo, publicidade nativa e redes sociais", disse ela em mensagem aos funcionários. Em conversa com investidores, ela afirmou que o Yahoo! tem bons aplicativos em áreas como finanças e esportes e que pertencer a uma operadora de celular ajudaria a companhia a fazer com que mais pessoas os utilizassem.

Mayer diz que quer continuar na companhia e que vai liderar a transição até que o negócio seja concluído, algo previsto para o primeiro trimestre de 2017. A dúvida é se a Verizon vai querer mantê-la no posto.

Em sua tentativa de fazer a companhia dar a volta por cima, Mayer comprou mais de 50 empresas (a mais notória, o Tumblr, por US$ 1,1 bilhão) e reformulou aplicativos, mas não conseguiu fazer com que o Yahoo! fosse visto como visionário novamente –um dos objetivos principais da ex-funcionária do Google.

Seu estilo de liderança, entretanto, é questionado. No começo deste ano, o jornal "The New York Times" publicou uma reportagem dizendo que os funcionários a comparavam a Evita Perón, por seu "ego superdimensionado e ascensão ao poder e riqueza".

A executiva Marni Walden, da Verizon e futura responsável pela companhia combinada, afirmou à rede de TV CNBC que uma nova equipe de liderança será indicada.

Financeiramente, entretanto, a venda não é ruim para a Mayer. Ela deve receber US$ 57 milhões caso seja tirada do cargo.

A VENDA

O que a Verizon comprou foram os negócios de internet do Yahoo! (na prática, o que está à vista do público: sites, aplicativos etc.). O processo de venda começou no fim do ano passado e tinha como objetivo separar esses negócios das participações que a companhia tem no gigante de comércio eletrônico Alibaba –hoje, grande parte do valor das ações do Yahoo! está relacionada a essa participação em negócios asiáticos, e não na companhia em si.

Assim, o Yahoo! deixa de ser uma companhia operacional, destinando-se apenas a administrar os 15% de participação que tem no Alibaba e os 35,5% que detém no Yahoo! Japan Corp.

Vários grupos de investidores fizeram ofertas pela companhia de internet. E, segundo executivos disseram em conversa com analistas, o lance dado pela Verizon não foi o maior. Entretanto, avaliou-se que a sinergia com a operadora e com a AOL traria mais ganhos no longo prazo.

Nos últimos meses, a Verizon tem buscado ampliar sua oferta de conteúdo digital, principalmente no formato de vídeo e endereçado a celulares. Sob esse ponto de vista, o Yahoo! poderia ampliar a oferta de notícias da operadora.

Atualmente, a Verizon tenta convencer os órgãos reguladores americanos a permitir que use com maior liberdade os dados que recolhe de seus consumidores na internet para vender anúncios direcionados a eles.


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