Folha de S. Paulo


Olimpíada dá pouco alívio a venda de roupas e calçados no setor esportivo

Matthew Childs/Reuters
O jamaicano Usain Bolt (c) vence prova da Liga Diamante
Usain Bolt (centro), patrocionado pela Puma; marca tem crescido na venda de artigos de corrida

A Olimpíada no Rio de Janeiro pode trazer um pequeno alívio para o setor esportivo, após um ano em que as vendas de roupas caíram 24,9% e as de calçados recuaram 25,3%. Os dados são do Iemi (Instituto de Estudos e Marketing Industrial).

A recuperação, porém, deve ser tímida. Em vestuário, a estimativa é de crescimento de 1,7%. O segmento de calçados deve recuar, mas em ritmo mais lento, com perda calculada de 5,7% do faturamento, segundo o Iemi.

O setor, como o resto da economia, foi afetado pela crise. Também contribuiu para a forte queda de 2015 uma "ressaca" da Copa do Mundo, que antecipou parte da demanda por artigos esportivos para 2014, segundo Marcelo Prado, diretor do Iemi.

"A Olimpíada vem em meio a forte turbulência. Temos ameaça de terrorismo, instabilidade política, acusações de corrupção, falência do Estado em que ela vai acontecer", afirma. "Isso dificulta levar motivação ao consumidor. Todos os efeitos benéficos dela estão diminuídos."

Para Silvio Laban, coordenador de cursos de MBA do Insper, há pouca identificação dos brasileiros com os esportistas de destaque em modalidades olímpicas.

Mesmo atletas de sucesso, como Arthur Zanetti, da ginástica, não têm uma grande exposição que alavanque o mercado, segundo Laban.

Mercado esportivo

SEM BOOM

As empresas não se mostram muito otimistas com o evento. Fernando Beer, diretor de artigos esportivos da Alpargatas, diz não esperar um boom de consumo dos produtos da empresa durante os jogos.

Segundo ele, a Olimpíada vai incentivar a busca por cuidados com a saúde e pelo esporte no médio e longo prazos.

De acordo com Fabio Kadow, diretor de marketing da Puma, a marca vem tendo crescimento principalmente na venda de artigos para corrida. A empresa patrocina o jamaicano Usain Bolt.

"A diferença maior entre a Copa do Mundo e a Olimpíada é que na segunda você não vê gente comprando camisa de vôlei, sunga da natação. O que cresce é o espírito esportivo, que leva as pessoas a comprarem mais esporte."

Para Felix Ximenes, diretor de comunicação da Nike, as vendas da companhia estão em ritmo satisfatório, apesar de impactadas pela crise. Ele afirma esperar que o consumo aumente quando os jogos começarem.

A Liga Retrô, rede de franquias especializada em vender réplicas de uniformes antigos, incluiu uma linha de camisas de rúgbi para aproveitar a entrada da modalidade nos jogos.

Marcelo Roisman, sócio da empresa, diz acreditar que o evento será uma espécie de Natal no meio do ano, como foi a Copa. Na ocasião, seu faturamento mensal foi de cinco vezes o de um mês normal.


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