Folha de S. Paulo


Indústria brasileira quer mudança em investigação sobre China

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é contra o reconhecimento da China como economia de mercado.

Para o setor, caso o Brasil não consiga impor medidas antidumping contra importações provenientes da China, será impossível competir com elas, afirma Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.

A proposta da organização é que, a partir de dezembro, investigações de dumping chinês levem em conta os preços desse mercado, mas também uma média de valores praticados em outros países. Se o preço chinês for muito distante da média, ele deve ser descartado.

A Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) defende que o país acompanhe o posicionamento de Estados Unidos e União Europeia, diz Thomaz Zanotto, diretor de relações internacionais e comércio exterior.

Um eventual reconhecimento da China como economia de mercado traria um forte impacto sobre a indústria nacional, sem condições de competir com essas importações, diz o professor de relações internacionais da USP Yi Shin Tang, especialista em direito comercial.

Por outro lado, ele diz que a cadeia produtiva precisa ser avaliada como um todo. "Vários produtos alvo de medidas antidumping são matérias-primas. A indústria brasileira poderia se beneficiar, sem falar nos consumidores."

Já para a especialista em comércio internacional e professora da UFRJ Marta Castilho, esse impacto positivo não supera os efeitos negativos sobre os setores afetados pelas proteção.

Ela lembra, porém, que há outras ferramentas de defesa comercial que podem ser acionadas, como salvaguardas.


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