Folha de S. Paulo


Samsung estreia pagamento por smartphone em lojas no Brasil

Kim Hong-Ji/Reuters
Pagar pagar com o Samsung Pay, cliente deve aproximar smartphone de máquina do cartão
Para pagar com o Samsung Pay, cliente deve aproximar smartphone de máquina do cartão

Começa a funcionar na terça-feira (19) no Brasil o Samsung Pay, sistema de pagamento da empresa coreana em que o consumidor usa o smartphone para fazer pagamentos em pontos de venda.

Ao efetuar a compra, o usuário aproxima o telefone de ao menos R$ 1.900 da máquina de cartão de crédito ou débito.

O sistema funciona inicialmente com cartões de Banco do Brasil, Brasil pre-pagos, Caixa, Porto Seguro e Santander. Futuramente, em até 60 dias, serão adicionados Banrisul, Bradesco, Itaú e Nubank.

É o primeiro desse tipo de sistema a chegar ao país, à frente dos rivais Apple Pay e Android Pay, já disponíveis no exterior. O lançamento pode marcar uma nova fase dos pagamentos móveis no país, por envolver a líder de vendas de smartphones e um potencial maior de estabelecimentos que aceitem esse tipo de transação.

Pagamento móvel

Hoje, já é possível fazer pagamentos por celular, mas os sistemas tendem a ser restritos a um sistema ou específico -pagar a corrida de táxi por meio dos apps da 99 ou da Easy Taxi, por exemplo. O objetivo é levar esse tipo de funcionalidade, que substitui o uso do cartão de plástico, para lojas.

Os sistemas de Apple, Google e Samsung funcionam mais ou menos da mesma forma: o usuário cadastra os dados do cartão no smartphone, autêntica a operação por meio do sensor de impressão digital e aproxima o telefone da máquina para fazer o pagamento -é nela que está a principal diferença.

A fabricante do iPhone e a gigante das buscas exigem que os terminais no comércio sejam equipadas com uma tecnologia chamada NFC, (para transmissão de dados entre aparelhos próximos). Hoje, 1,7 milhão dos 2,1 milhões de máquinas da Cielo no país têm a funcionalidade.

A Samsung adota uma ferramenta diferente, chamada MST (transmissão magnética segura), que permite pagamentos em máquinas convencionais com leitor de tarja magnética. Isso tende a tornar a adoção da tecnologia mais rápida.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos pela consultoria Auriemma em junho indicou que 19% dos usuários do Samsung Pay enfrentaram alguma dificuldade no ponto de venda, índice menor que o da Apple (31%).

Mesmo nos Estados Unidos, entretanto, a consultoria diz que esse tipo de pagamento atrai o público "mais educado, rico e jovem", algo que tende a se intensificar no Brasil, dados os preços de smartphones.

O Samsung Pay exige que o usuário tenha ao menos o aparelho Galaxy A5, que custa a partir de R$ 1.900 no Brasil. Com a Apple ocorre o mesmo: o modelo mais barato com suporte ao sistema de pagamento é o iPhone SE, de mesmo valor.

"Estamos falando basicamente dos 'millennials' [nascidos entre 1980 e 2000], que estão chegando ao universo de pagamentos e têm menos interesse no cartão e mais na comodidade do celular", diz Percival Jatobá, vice-presidente da Visa.

Hoje, a companhia está envolvida em projetos-piloto para permitir pagamentos também por meio de um anel e de uma pulseira. Ele diz, entretanto, que o número de transações feitas desse modo, incluindo smartphones, é "muito, muito pequeno".

Isso não significa, contudo, que o cenário não possa ser alterado rapidamente, dada a velocidade da evolução de serviços móveis no Brasil.

De acordo com dados da Febraban (federação dos bancos), o número de transações e atendimentos com ou sem movimentação financeira usando o celular cresceu 138% entre 2014 e 2015.

Foram 11,2 bilhões de transações, o que representa 21% do total, atrás apenas do internet banking convencional (33%) e à frente dos caixas eletrônicos (19%).

Além da questão do preço, as empresas do setor terão de vencer resistências em relação à segurança, dado o volume de aparelhos roubados no país. Paula Paschoal, diretora comercial do PayPal Brasil, minimiza essa fator.

"Se a pessoa teve o celular roubado, em menos de cinco minutos vai perceber e vai bloqueá-lo. E a maioria dos celulares tem senha".


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