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TVs despencam, e venda de eletrodomésticos tem queda de 16%

João Brito/Folhapress
Televisores à venda em Curitiba; setor de eletroeletrônicos tem queda de 16%
Televisores à venda em Curitiba; setor de eletroeletrônicos tem queda de 16%

Com crédito mais difícil e falta de confiança do consumidor para fazer dívidas, as vendas de eletrodomésticos acumulam queda de 16,5% no ano, o que já gerou o fechamento de lojas. Os problemas estão principalmente na venda da linha marrom, que inclui televisores e produtos de áudio.

Segundo dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (12), o volume de vendas do varejo no Brasil apresenta queda há 14 meses consecutivos –no ano, o acumulado negativo é de 7,3%. Os eletrodomésticos estão em queda há 16 meses.

Para Guilherme Dietze, assessor econômico, a queda mais acentuada desses produtos está relacionada à dificuldade de crédito e à falta de confiança dos consumidores para investir nesse tipo de produto –que pode depender de financiamento.

"Há uma desconfiança muito grande. O consumidores não estão querendo compreender sua renda e estão evitando se comprometer no longo prazo", diz ele.

"A alta de preços implementada pelos fabricantes, pressionados por custos operacionais, também ajudou a conter o apetite por novas compras", completa Elton Morimitsu, analista de pesquisa da Euromonitor.

Volume de vendas do varejo - Em %

Isso tem gerado efeitos como o fechamento de lojas. A Via Varejo, que reúne Casas Bahia e Ponto Frio, por exemplo, fechou 21 estabelecimentos apenas no primeiro trimestre deste ano. Em 2015, já haviam sido 39.

A queda se dá principalmente na linha marrom, que inclui televisores –segundo a Eletros (associação de fabricantes do setor), as vendas para o varejo desse tipo de produto caíram 40% neste ano.

O país produziu 2,5 milhões de televisores neste ano até abril, uma queda de 29.72% em relação ao mesmo período do ano passado e de 58% em relação a 2014.

Lourival Kiçula, presidente da entidade, diz que esses aparelhos já têm alta penetração no mercado. Em tempos de crise, não há estímulo para a troca.

A expectativa, entretanto, é que os dados ao menos parem de piorar no segundo semestre. "O pior já passou, estamos em julho, início do segundo semestre, que sempre foi 60% do volume de vendas", afirma. "Se a indústria já fez as demissões necessárias, não fará mais agora."

Enquanto as vendas de TVs caem, há outros produtos que começam a fazer parte dos lares brasileiros, de acordo com a Euromonitor. De acordo com a consultoria, o segmento de eletroportáteis vem apresentando desempenho melhor.

As vendas de máquinas de café, por exemplo, cresceram 13,2% em 2015 em relação ao ano anterior, para 934,4 mil unidades. As fritadeiras tiveram alta de 18,6%, para 1,1 milhão. O motivo, de acordo com a Euromonitor, é esses produtos terem preços mais baixos e também estarem em menos casas.

"Enquanto mais de 50% dos lares possui uma máquina de lavar automática, apenas 25% possuem uma máquina de café", afirma Morimitsu.


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