Folha de S. Paulo


Em dia de poucos negócios, dólar avança a R$ 3,26 com BC; Bolsa sobe

Marcos Santos/USP Imagens
O real teve a maior desvalorização entre as principais moedas

A segunda-feira (4) foi marcada pelo baixo volume de negócios no mercado financeiro global, já que foi feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. No cenário doméstico, o dólar avançou para a casa dos R$ 3,26, influenciado por mais uma atuação do Banco Central no mercado de câmbio.

O Ibovespa subiu, sustentado principalmente pelo avanço dos papéis da Vale e de siderúrgicas. Outro destaque foram as ações da CPFL Energia, que lideraram o ranking de maiores valorizações do índice.

Os juros futuros de longo prazo recuaram diante de expectativas de recuo da inflação, assim como o CDS (credit default swap) brasileiro, outro indicador de percepção de risco.

CÂMBIO E JUROS

O dólar comercial fechou em alta de 0,98%, a R$ 3,2650, enquanto a moeda americana à vista subiu 0,71%, a R$ 3,2483.

Pela manhã, pelo segundo dia seguido, o BC leiloou 10.000 contratos de swap cambial reverso, o mesmo montante da última sexta-feira (1). A operação equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

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NOTAS DE DÓLAR

Com a atuação da autoridade monetária, o real teve a maior desvalorização global entre as principais moedas, a exemplo do que ocorreu no pregão anterior.

"A atuação do BC via swap cambial é emblemática. Não só atuou pela segunda vez hoje [segunda-feira], mas da mesma forma e após um dia de alta do dólar [sexta-feira]. Isto pode significar que o BC atuará todo dia da mesma forma, não importando o movimento externo", avalia a equipe de análise da Lerosa Investimentos, em relatório.

Segundo os analistas da Lerosa, com as operações de swap cambial reverso, o estoque de swap cambial tradicional, equivalente à posição vendida do BC em dólares, deve ser zerado em um pouco mais de três meses. Esse estoque está atualmente em US$ 61,135 bilhões.

Para Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, o dólar entre R$ 3,20 e R$ 3,30 acabou virando um "piso informal" para o BC voltar a atuar no câmbio. Ele avalia, porém, que a tendência para a moeda americana no curto prazo é de queda, em função do cenário externo positivo para mercado emergentes.

"O dólar subiu forte neste pregão porque a liquidez estava muito reduzida com o feriado nos EUA. Para os próximos dias, o mercado deverá seguir testando o BC, e a moeda poderá voltar a ficar abaixo dos R$ 3,20", comenta Alessie.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 ficou praticamente estável, passando de 13,870% para 13,880%. O contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 12,200% para 12,070%.

O Boletim Focus, divulgado nesta manhã, mostrou que a expectativa de economistas para a inflação em 2016 caiu de 7,29% para 7,27%. Para 2017, a projeção recuou pela primeira vez após seis semanas e passou de 5,50% para 5,43%.

A projeção para a taxa básica de juros (Selic) no boletim foi mantida em 13,25% neste ano e em 11% em 2017.

O CDS brasileiro, espécie de seguro contra calote, caía 0,36%, aos 313,062 pontos, no menor nível desde agosto do ano passado.

BOLSA

O Ibovespa chegou a subir mais de 1% no início do pregão, mas fechou em alta de 0,64%, aos 52.568,66 pontos. O giro financeiro foi bastante reduzido, e ficou em R$ 3,6 bilhões.

"Além do cenário externo positivo, principalmente por causa da postergação do aumento dos juros americanos, o mercado doméstico se beneficia da melhora das expectativas para a economia brasileira", afirma Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora.

Segundo Figueiredo, movimentos recentes de fusões e aquisições e a perspectiva de que haverá privatizações sob o governo Temer animam os investidores. "Essa percepção de melhora do cenário interno vem ocorrendo desde o início de junho, e está ganhando mais força agora", explica.

Dados referentes ao ingresso da capital externo na Bovespa em junho demonstram a retomada da confiança no mercado brasileiro. No mês passado, o saldo de recursos estrangeiros na Bolsa ficou positivo em R$ 1,166 bilhão, depois de ter ficado negativo em R$ 1,815 bilhão em maio. No acumulado de 2016, o superavit de capital externo na Bolsa soma R$ 12,641 bilhões.

As ações ON da CPFL Energia lideraram o ranking de maiores valorizações do índice, com +8,51%, a R$ 22,31. A Camargo Corrêa anunciou na noite de sexta-feira (1) que vendeu toda a sua participação societária vinculada ao bloco de controle da CPFL para a chinesa State Grid. O grupo brasileiro detinha 23,6% do capital social da elétrica, que soma US$ 1,8 bilhão (R$ 5,81 bilhões).

As ações preferenciais da Petrobras subiram 0,50%, a R$ 9,87, mas as ordinárias caíram 0,33%, a R$ 12,02. Os papéis foram pressionados pelos preços do petróleo no mercado internacional, que passaram a recuar depois da notícia de que a produção dos países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentou no mês passado.

Os papéis da Vale ganharam 2,03%, a R$ 13,51 (PNA), e 2,10%, a R$ 16,97 (ON), beneficiados pela forte alta do minério de ferro na China. As ações de siderúrgicas também subiram: CSN ON, +6,16%; Gerdau PN, +1,77%; Usiminas PNA, +1,92%,

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,06%; Bradesco PN, +0,42%; Banco do Brasil ON, +0,46%; Santander unit, +1,41%; e BM&FBovespa ON, +0,55%.

EXTERIOR

A Bolsa de Nova York não operou nesta segunda-feira por conta do feriado do Dia da Independência.

Na Europa, os índices recuaram, pressionados pelas ações do setor bancário. A Bolsa de Londres fechou em baixa de 0,84%; Paris, -0,91%; Frankfurt, -0,69%; Madri, -0,16%; e Milão, -1,74%

Na Ásia, os índices subiram com expectativas de estímulos monetários na China.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 1,6%. O índice de Xangai teve alta de 1,9%, fechando no maior nível desde 5 de maio. No Japão, índice Nikkei da Bolsa de Tóquio avançou 0,60%, a 15.775 pontos.


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