Folha de S. Paulo


Governo prevê deficit para 2017 acima de R$ 100 bilhões

O governo deve encaminhar ao Congresso, no início da próxima semana, uma meta fiscal para 2017 que prevê um deficit superior a R$ 100 bilhões, segundo o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. O número, no entanto, não deve alcançar o deficit aprovado para 2016, de R$ 170,5 bilhões.

O ministro não explicou quais motivos levam o governo a prever mais um rombo nas contas públicas. "Ainda não fechamos a meta. A discussão está bem aprofundada, prevendo um cenário que não é fácil. [A meta] não chega a [menos de] R$ 100 bilhões", diz.

A meta será enviada ao Congresso para balizar a aprovação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para o próximo ano.

Para este ano, Oliveira garante que a meta será cumprida, mesmo com o reajuste médio de 12,5% dado pelo governo ao programa Bolsa Família. "Já estava previsto no orçamento do MDS [Ministério de Desenvolvimento Social], mas não tenho de cabeça o valor do impacto fiscal", diz.

CONFIANÇA

Apesar de prever mais um deficit nas contas públicas para 2017, a confiança na economia já está voltando, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O humor do empresariado e da população, para ele, são os principais problemas a serem enfrentados no momento e a sua retomada promoverá a volta dos crescimentos do PIB, das receitas e da renda no país.

A confiança, diz, parte da publicação de estimativas realistas. "A nossa linha de ação, da mesma maneira como foi na apresentação do número do deficit primário de 2016, é que tudo começa bem quando começa com realismo e a verdade", afirma.

"Quanto mais confiança a sociedade tiver no controle das contas públicas, mais credibilidade, mais a economia vai crescer, gerar emprego, renda. Assim, todo o ciclo de queda será revertido. Um dado que tenho acompanhado é a curva de confiança da economia, que vinha caindo nos últimos anos e produzindo um impacto direto. Estamos tendo uma reversão e isso mostra que estamos no caminho certo", diz.

Na terça-feira (28), a FGV publicou uma alta em junho do Índice de Confiança da Indústria de 4,2 pontos. Agora, o indicador está em 83,4 pontos, o que ainda mostra pessimismo (a marca de 100 pontos separa o pessimismo do otimismo). Por outro lado, é o patamar mais alto do indicador desde fevereiro de 2015.

INFLAÇÃO

Na quinta-feira (30), também será apresentada a meta de inflação para 2018. Conforme a Folha informou, o governo estuda reduzir a meta de inflação para 4% ao ano para 2018. Atualmente, a meta de inflação é de 4,5% ao ano, com bandas de 2 pontos percentuais, para mais e para menos.

Meirelles evitou dar maiores detalhes sobre a nova meta de inflação, a ser publicada na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional).

Dyogo Oliveira afirmou que os índices de inflação devem ter uma trajetória benigna nos próximos meses. Ele afirma que o principal fator que levou ao aumento dos preços foi o choque tarifário, como o das contas de luz.

"Isso já passou, os índices de inflação vão cair. O mercado já está prevendo uma inflação futura menor, refletindo essa queda", complementou.


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