A Mãe Terra abriu espaço para a própria decolagem ao garantir a volta do lanchinho gratuito aos passageiros da Gol.
Um dos snacks da empresa de alimentos industrializados naturais e orgânicos de Osasco (SP) entrou nos voos domésticos da companhia no segundo semestre do ano passado e, desde então, a marca ganhou visibilidade e aumentou seu poder de barganha nas gôndolas dos supermercados.
"Não vou dizer que é uma operação lucrativa, porque o grande objetivo é a visibilidade", diz Alexandre Borges, presidente da Mãe Terra.
Fundada em 1979, a empresa diz crescer hoje cerca de 40% ao ano, desempenho bem superior à média do mercado. Segundo a consultoria Euromonitor, o segmento de alimentos industrializados saudáveis cresceu 12,8% em 2015 no Brasil, já o ramo de orgânicos avançou 16,4%.
Borges não revela o faturamento da companhia, que controla desde 2008.
Marcus Leoni/Folhapress | ||
Alexandre Borges, presidente da empresa de alimentos naturais e orgânicos Mãe Terra |
SALGADINHO
A guinada para produtos que jamais seriam considerados saudáveis à primeira vista indica a estratégia da Mãe Terra para ganhar espaço no carrinho do supermercado.
Salgadinhos, macarrão e sopa instantâneos e cereais matinais são alguns dos inúmeros itens que ganharam versões naturais e orgânicas e hoje acompanham aveia e grãos orgânicos no portfólio da Mãe Terra. "A conveniência é um atributo importante", justifica Borges.
O outro requisito é preço. O executivo afirma que a missão da Mãe Terra é democratizar o consumo de produtos naturais e orgânicos no país, "e a democratização só existe se tiver preço mais acessível".
A sopa instantânea da marca, a Madá, por exemplo, custava no Pão de Açúcar R$ 1,55 na sexta-feira (17). A concorrente mais famosa, Vono, era vendida a R$ 1,79.
Para ganhar escala e reduzir custo, montou uma rede de fornecedores de orgânicos pelo país. "Eu pago mais caro [pelo insumo], isso é um fato. O que a gente busca hoje é ter, por meio de contratos com os fornecedores, preço mais acessível", explica.
Do lado da produção, a expansão deverá ser financiada pela captação de R$ 15 milhões. A operação em estudo é emissão de debêntures (título de dívida) ainda no segundo semestre deste ano.
Até aqui, o crescimento é financiado pela venda de 30% da empresa para o fundo BR Opportunities, em 2013.
Antes da Mãe Terra, Borges teve a Flores Online e a Significa (de gestão de marcas). As duas foram vendidas. O empresário diz, porém, que não pretende vender o atual negócio.
MÃE TERRA/2016
Faturamento: Não informado
Número de funcionários: 300
Principais concorrentes: Jasmine, Native, Pepsico, Nestlé