Folha de S. Paulo


Dólar sobe a R$ 3,40 e Bolsa recua 0,99% com cenário externo negativo

Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
Moeda americana voltou a se valorizar globalmente com temores de desaceleração global

Após cinco sessões em queda, o dólar voltou a subir ante o real nesta quinta-feira (9), para a casa dos R$ 3,40. O cenário externo negativo —com recuo do petróleo e a volta dos temores de desaceleração da economia global— fez a moeda americana se valorizar globalmente.

Sem novidades no cenário doméstico, o Ibovespa fechou em baixa de quase 1%, acompanhando o mau humor externo. Os juros futuros e o CDS brasileiro, espécie de indicador de percepção de risco, subiram.

A inflação ao consumidor na China cresceu menos que o esperado em maio, reacendendo as preocupações em relação ao vigor da segunda maior economia do mundo.

O índice de preços ao consumidor chinês subiu 2% no mês passado na comparação anual, ante avanço de 2,3% em abril. Analistas esperavam que o indicador ficasse em 2,3%

A aproximação do referendo que decidirá se o Reino Unido sairá ou não da União Europeia, no próximo dia 23, acrescenta nervosismo aos mercados.

Analistas citam a entrevista do megainvestidor George Soros ao Wall Street Journal, na qual ele afirma que a UE poderá entrar em colapso "devido à crise migratória, desafios na Grécia e potencial saída do Reino Unido do bloco".

O petróleo recuou, também em um movimento de realização de lucros após os preços terem atingido as máximas do ano nesta quarta-feira (8).

O petróleo Brent, negociado em Londres, recuava 1,12%, a US$ 51,92 o barril. O petróleo tipo WTI, negociado em Nova York, caía 1,41%, a US$ 50,51.

DÓLAR E JUROS

No mercado de câmbio, o dólar comercial, utilizado em contratos de comércio exterior, avançou 0,97%, a R$ 3,4030. A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,03%, a R$ 3,3842.

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NOTAS DE DÓLAR

Os juros futuros também fecharam em alta, um dia após a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Analistas esperam um corte da Selic somente a partir de agosto.

O contrato de DI para janeiro de 2017 avançou de 13,585% para 13,680%, enquanto o contrato de DI para janeiro de 2021 subiu de 12,310% para 12,350%.

O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, ganhava 2,41%, aos 334,121 pontos.

BOLSA

O Ibovespa terminou a sessão em baixa de 0,99%, aos 51.118,46 pontos, com os investidores realizando lucros após o ganho de 2,26% na véspera. O giro financeiro foi de R$ 5,2 bilhões.

Para a equipe de análise da Lerosa Investimentos, o dia foi de "freio no otimismo e de realizações de lucros nas principais bolsas, após o alívio com a [possível] postergação da alta de juros nos EUA".

As ações da Vale recuaram 4,94%, a R$ 12,50 (PNA) e 7,64%, a R$ 15,70 (ON). Segundo operadores, os papéis seguiram o comportamento dos papéis de mineradoras no exterior.

Os papéis de siderúrgicas também caíram: CSN ON, -7,37%; Gerdau PN, -4,92%; e Usiminas PNA, -5,23%.

Depois de terem subido quase 9% nesta quarta-feira (8), as ações da Petrobras perderam 2,23%, a R$ 9,18 (PN) e 2,48%, a R$ 11,75 (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN caiu 0,22%; Bradesco PN, +0,16%; Banco do Brasil ON, -0,28%; Santander unit, -0,10%; e BM&FBovespa ON, estável.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 recuou 0,17%; o Dow Jones, -0,11%; e o Nasdaq, -0,32%.

Na Europa, as Bolsas também encerraram a sessão no campo negativo. Na China, os mercados estão fechados por causa de um feriado e só reabrem na segunda-feira (13). Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 0,97%.


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