Folha de S. Paulo


Empresários marcam ato de apoio a Temer após desgaste político

Enfrentando um momento de desgaste político, o presidente interino Michel Temer quer mostrar que tem o apoio do setor empresarial às medidas que está tomando no campo econômico.

Ele receberá um grupo de cerca de 150 empresários nesta quarta (8) no Planalto, onde espera que representantes de vários setores façam manifestações de confiança nas políticas do governo.

Para um dos empresários que participará do evento, e falou à Folha reservadamente, a questão política é mais complexa que a econômica.

AGÊNCIAS E LEILÕES

Por isso, no curto prazo, os empresários vão pedir a Temer que reorganize as agências reguladoras, esvaziadas na gestão petista, e equacione como serão feitas as concessões de infraestrutura. São ações que dependem exclusivamente do Executivo, sem debate no Congresso.

Os empresários foram reunidos por articulação do presidente da Fiesp (federação das indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, que também é do PMDB e é aliado de Temer.

A Folha apurou que a lista inclui principalmente empresários e lideranças que apoiaram o processo de impeachment em São Paulo.

Entre os esperados estão o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, e o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho.

Os empresários vão ser recebidos no Planalto e devem almoçar, com Temer e ministros no Palácio do Jaburu.

EQUIPE APROVADA

A avaliação é que, na economia, o governo do interino tem conseguido encaminhar resultados. Temer acertou na formação da equipe econômica, que teve a confirmação do nome do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nesta terça (7).

Também trilha um caminho benigno, aos olhos do setor produtivo, ao sinalizar que não aumentará impostos neste momento e tentará, antes, cortar gastos e ajustar as contas do governo.

Mas a política preocupa. O presidente interino enfrenta uma série de denúncias contra integrantes de seu governo. Dois ministros foram afastados e outros dois estão sendo investigados por suposto envolvimento em corrupção.

Neste cenário, a eventual volta de Dilma Rousseff não está descartada na avaliação do empresariado, o que seria um cenário negativo, dada a "ingovernabilidade" que a petista teria no poder.

TEMAS DE IMPACTO

Temer precisa se estabilizar como presidente e para isso precisa avançar em temas mais impactantes, segundo um industrial ouvido.

A expectativa é que o presidente interino consiga fazer avançar as medidas que limitam os gastos do governo e que precisam de aprovação no Congresso. Também está na lista do indispensável a reforma da Previdência.

Mas a avaliação é que temas espinhosos só conseguirão ser aprovados após a decisão sobre o impeachment.


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