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Dólar à vista cai ao menor nível em dez meses com exterior e sabatina de Ilan

Alan Marques/Folhapress
Brasilia,DF,Brasil 07.06.2016 O indicado para a presidencia do Banco Central, Ilan Goldfajn, participa de sabatina na Comissao de Assuntos Economicos do Senado Foto: Alan Marques/Folhapress cod 0619
O indicado para a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, em sabatina na CAE do Senado

O dólar à vista recuou ante o real pela quarta sessão seguida, terminando na casa dos R$ 3,44, na menor cotação em mais de dez meses. Além do cenário externo positivo, o mercado gostou das declarações ao presidente indicado do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.

O Ibovespa fechou em leve alta, seguindo o movimento na Bolsa de Nova York. Os juros futuros avançaram, enquanto o CDS (credit default swap), indicador de percepção de risco, caiu.

A CAE aprovou nesta terça-feira, por 19 votos a favor e 8 votos contrários, a indicação de Goldfajn para assumir a presidência do BC. O nome de Ilan ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Senado.

Durante a sabatina na comissão, Ilan afirmou que o câmbio não é a âncora para a inflação. "Nem acho que deveria ser. A âncora é a política monetária", disse.

Após o discurso, o dólar, que já estava em baixa, passou a cair ainda mais. A moeda americana à vista fechou em queda de 1,52%, a R$ 3,4484. É a menor cotação desde 31 de julho de 2015 (R$ 3,4200).

O dólar comercial fechou em queda de 1,14%, a R$ 3,4510, valor mais baixo deste 11 de maio deste ano (R$ 3,4470).

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NOTAS DE DÓLAR

"O mercado interpretou o discurso de câmbio flutuante como uma diminuição das atuações do BC por meio de leilões de swap cambial reverso", afirma Ítalo Santos, especialista em câmbio da corretora Icap. O swap cambial reverso equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

Santos destaca, no entanto, que os volumes negociados no mercado de câmbio têm sido baixos, o que aumenta a volatilidade e reflete as incertezas no cenário político.

Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, avalia que não devem ocorrer novas ações do Banco Central para reduzir o estoque de swap cambiais (equivalentes à venda futura da moeda americana), "a menos que o dólar caia para abaixo de R$ 3,40".

"A urgência em se desfazer de swaps cambiais é menor agora, já que o estoque caiu em US$ 45 bilhões, para US$ 62 bilhões, desde março", explica.

O BC vinha reduzindo desde março sua posição vendida em dólar por meio de leilões de swap cambial reverso. O último leilão deste tipo no último dia 18 de maio.

Além disso, a moeda americana se desvalorizou globalmente, ainda reagindo ao discurso da presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Janet Yellen. Yellen sinalizou nesta segunda-feira (6) que o aumento dos juros nos EUA não deverá ocorrer neste mês.

Dólar à vista tem menor cotação em dez meses - Em R$

JUROS

Na véspera da definição do novo patamar da taxa básica de juros (Selic) pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), os juros futuros fecharam em alta. O contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,565% para 13,600%; o contrato de DI para janeiro de 2021 avançou de 12,310% para 12,390%.

As expectativas do mercado são de manutenção da Selic em 14,25% ao ano. Durante a sabatina na CAE do Senado, Ilan afirmou que que "será possível [reduzir a taxa básica de juros] quando houver as condições".

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia mais cedo, mas virou e passou a cair. Há pouco, perdia 0,74%, aos 328,063 pontos.

BOLSA

Em uma sessão volátil, o Ibovespa fechou em leve alta de 0,11%, aos 50.487,86 pontos. O giro financeiro foi baixo, de R$ 5 bilhões.

Operadores citaram o baixo volume negociado como reflexo do cenário político conturbado. Contribuiu para o clima de cautela a notícia de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

É a primeira vez que a Procuradoria Geral da República pede a prisão de um presidente do Congresso e de um ex-presidente da República. Por enquanto, não há previsão para que o STF decida sobre os pedidos de prisão.

"Novamente temos o clima de surpresa no ar. Até que ponto a confusão política vai inviabilizar votação de reforma econômica?", escrevem analistas da Lerosa Investimentos, em relatório. "No mínimo, atrasa e tira poder do atual governo", acrescentam.

Os papéis da Vale passaram a cair após a companhia anunciar que pretende emitir bônus com vencimento em junho de 2021. As ações fecharam em baixa de 0,15%, a R$ 12,99 (PNA) e 1,89%, a R$ 16,57 (ON), apesar de o minério de ferro entregue em Qingdao, na China, ter subido 2,80% nesta terça-feira, para US$ 52,54 a tonelada.

As ações da Petrobras ganharam 1,89%, a R$ 8,62 (PN), e 3,05%, a R$ 11,13 (ON), beneficiadas pelo avanço do petróleo no mercado internacional.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 1,62%; Bradesco PN, +1,29%; Banco do Brasil ON, -1,16%; Santander unit, -0,16%; e BM&FBovespa ON, -1,33%.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 fechou com ganho de 0,13%; o Dow Jones, +0,10%; e o Nasdaq, -0,14%.

Na Europa, as Bolsas fecharam majoritariamente em alta. Na Ásia, a maior parte dos índices acionários encerrou o pregão no campo positivo.


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