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Comissão aprova nome de Ilan Goldfajn para presidência do BC

Alan Marques/Folhapress
Brasilia,DF,Brasil 07.06.2016 O indicado para a presidencia do Banco Central, Ilan Goldfajn, participa de sabatina na Comissao de Assuntos Economicos do Senado Foto: Alan Marques/Folhapress cod 0619
O indicado para a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, em sabatina na CAE do Senado

A CAE (Comissão de Assunto Econômicos do Senado) aprovou nesta terça-feira (7), por 19 votos a favor e 8 votos contrários, a indicação do economista Ilan Goldfajn para assumir a presidência do Banco Central. O voto é secreto.

O nome de Ilan ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Senado. Mesmo que haja tempo, o economista não deve participar da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) marcada para esta quarta-feira (8).

Senadores do PT afirmaram que podem recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o resultado, pois a maioria dos senadores registrou seu voto antes do final da sabatina, algo que seria contrário ao que determina a Constituição.

Ilan fez um discurso de 20 minutos no início da sessão e, depois, respondeu a perguntas dos senadores por quase quatro horas.

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Veja os principais trechos da sabatina.

AUTONOMIA DO BC

"Considero imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central."

"O presidente Temer, na recente reforma da estrutura administrativa do governo federal, estabeleceu como requisito para a retirada da condição de ministro do presidente do Banco Central a aprovação de uma emenda constitucional que sedimente, na Carta Magna, a autonomia técnica (ou operacional) do BC para perseguir as metas de inflação estabelecidas pelo governo."

"Se houver algum avanço, não deveria ser na independência de ter objetivos, mas, no futuro, quando tiver maturidade para isso, pensar em mandato."

JUROS ALTOS

"Todos nós gostaríamos de ver o custo de dinheiro cair. A dúvida é qual a melhor maneira para fazer isso. Temos que trabalhar nas raízes da causa, para que não se entre em um atalho, para que caia de forma permanente."

"Será possível [reduzir a taxa básica de juros] quando houver as condições."

INFLAÇÃO

"Nosso objetivo será cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, mirando o seu ponto central."

"Estamos no caminho para meta de 4,5%? Sim. Em um momento não muito distante pretendemos atingir o centro da meta."

"A literatura econômica já refutou por diversas vezes o falacioso dilema entre a manutenção de inflação baixa e crescimento econômico."

CONTAS PÚBLICAS

"A ordem nas contas públicas é essencial para o Brasil voltar a crescer e é essencial também para reduzir o custo da desinflação."

RECESSÃO

"É factível [voltar a crescer em 2017], mas vai ter de vir com medidas concretas, com aprovação de reformas nesta Casa. Aí sim acredito que é factível a volta do crescimento."

EMPREGO

"Somos todos a favor do emprego, da queda do desemprego. A questão é como atingir. Acho que o emprego vem com crescimento sustentável, com política fiscal e contas públicas em ordem. Como o BC pode ajudar nisso? Com inflação baixa e estável."

CRÉDITO

"A oferta de crédito é prejudicada, mas também a demanda. Se não há desejo de investir, não há demanda."

"Quando há crédito direcionado, se reduz a efetividade [da política monetária]. Deveria existir um equilíbrio entre crédito direcionado e livre. Se há excesso de crédito direcionado, isso prejudica a política monetária."

"Nem sempre liberar mais compulsório significa mais investimento. Hoje temos uma demanda por crédito limitada. O uso do compulsório sempre compete com outros instrumento

CÂMBIO

"O câmbio não é a âncora para a inflação. Nem acho que deveria ser. A âncora é a política monetária."

"O estoque de swap [cambial] chegou a US$ 110 bilhões e agora caiu para em torno de US$ 60 bilhões. Ter as condições para reduzir esse swap foi muito feliz."

RESERVAS
"Esse seguro [reservas internacionais], no momento, é um seguro que vale a pena manter. Mas, assim que a gente passar esse período de incerteza, vale a pena fazer essa discussão sobre o nível ótimo das reservas, que depende também do quanto nos custa manter."

CENÁRIO EXTERNO
"O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA."


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