O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que irá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para anular a sabatina do economista Ilan Goldfajn na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado). Ilan foi indicado para assumir a presidência do Banco Central.
O problema levantado por Lindbergh é a antecipação da votação na comissão. A maioria dos membros da CAE decidiu iniciar a votação ainda durante a sabatina, por sugestão do senador Telmário Motta (PDT-RR).
Dessa forma, quem votou poderia ir embora da comissão, sem ser obrigado a permanecer até o final das discussões, que começaram por volta das 10h30.
A presidente da CAE, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que aceitaria a decisão da maioria, pois a votação antecipada já ocorreu outras vezes, mas ressaltou que esse procedimento está em desacordo com a Constituição.
Os senadores Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Humberto Costa (PT-PE) também se colocaram contra a antecipação.
Lindbergh afirmou que os senadores estavam desrespeitando a comissão e também o sabatinado, ao se recusarem a ouvi-lo responder aos questionamentos de todos os colegas e lembrou que, nos EUA, a sabatina de um presidente de banco central pode durar vários dias.
"Vou entrar com recursos no Supremo para anular a sabatina. É um absurdo", afirmou o senador.
Como a votação é secreta e eletrônica, o resultado só será divulgado após o final da sabatina.
LIGAÇÃO COM O ITAÚ
A senadora Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) afirmou que Ilan não deveria ter seu nome aprovado por ter exercido recentemente função relevante em uma instituição financeira, o Itaú-Unibanco.
Grazziotin disse que esse entendimento está baseado na legislação atual, tese que foi questionada por outros senadores e gerou discussões na comissão.
Ilan afirmou não ter mais ligação com o antigo empregador, não só por ter pedido demissão, mas também por ter vendido sua participação acionária. Lembrou que recebeu ações como parte da remuneração, algo que é uma exigência da lei.
"Permanece algum conflito? Acredito que não. É só olhar o mundo todo, o Brasil do presente e do passado. Vou me comportar de forma isenta, apartidária, de forma ética e honrada. Não houve conflito [no passado] e nem vai haver", afirmou o economista.