Folha de S. Paulo


Ilan pede mais autonomia para o BC e promete inflação na meta

Alan Marques/Folhapress
Brasilia,DF,Brasil 07.06.2016 O indicado para a presidencia do Banco Central, Ilan Goldfajn, participa de sabatina na Comissao de Assuntos Economicos do Senado Foto: Alan Marques/Folhapress cod 0619
O indicado para a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, participa de sabatina na CAE do Senado

O economista Ilan Goldfajn afirmou nesta terça-feira (7) que é imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central.

Em seu primeiro discurso após ser indicado pelo presidente interino Michel Temer para comandar o BC, Ilan disse ainda que a inflação baixa é condição essencial para a retomada do crescimento econômico e prometeu colocar o índice de preços ao consumidor na meta.

"Estamos no caminho para meta de 4,5%? Sim. Em um momento não muito distante pretendemos atingir o centro da meta"afirmou Ilan.

As afirmações foram feitas durante a sabatina de Ilan na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado). A expectativa é que o economista tenha seu nome aprovado ainda nesta terça-feira pela comissão e também pelo plenário da Casa.

Desde 2009, a inflação medida pelo IPCA não fica próxima ao centro da meta. Nos 12 meses encerrados em abril, a taxa está acima de 9%.

"Nossa história recente bem demonstra que níveis mais altos de inflação não favorecem o crescimento econômico, pelo contrário, desorganizam a economia, inibem o investimento, a produção e o consumo e impactam negativamente a renda, o nível de emprego e, por fim, o bem-estar social, especialmente das classes menos favorecidas", afirmou Ilan.

O economista disse ainda ser que é preciso reconstruir, o quanto antes, o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante.

Ilan foi diretor de Política Econômica do BC entre 2000 e 2003, nos governos FHC e Lula, período em que participou da criação do tripé que guiou a política econômica do país até o início do governo Dilma Rousseff.

AUTONOMIA

Ilan afirmou que Temer, na recente reforma da estrutura ministerial, propôs retirar a condição de ministro do presidente do Banco Central. A mudança, no entanto, dependerá da aprovação de uma emenda constitucional que garanta autonomia técnica ou operacional à instituição para perseguir as metas de inflação estabelecidas pelo governo.

No discurso, Ilan citou a questão da autonomia técnica ou operacional, mas não falou em foro privilegiado, que define que ações contra o presidente do BC têm de ser julgadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), outra questão que estava em discussão no governo.

"Para o desempenho dessas funções, considero imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central. Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante a redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança, todas essenciais para a retomada do crescimento de forma sustentada", afirmou.

Ilan afirmou entender que independência significa o BC fixar suas próprias metas e disse ser contra isso. Para ele, o governo é que deve fixar a meta de inflação, como ocorre hoje, e a instituição deve ter autonomia para persegui-la.

Sobre a questão dos mandatos fixos, como acontece hoje com bancos centrais no exterior e agências reguladoras no Brasil, Ilan disse ser a favor.

"Se houver algum avanço, não deveria ser na independência de ter objetivos, mas, no futuro, quando tiver maturidade para isso, pensar em mandato. No momento, haverá uma PEC [Proposta de Emenda Constitucional], com autonomia operacional e técnica, que irá abranger o Banco Central, o presidente e os diretores da casa."

Zanone Fraissat/Folhapress
Sao Paulo,SP,Brasil 07.06.2016 As Centrais Sindicais - Forca Sindical, UGT, NCST e CSB - realizarao, nesta terça-feira (07), as 10h30, um protesto contra os juros altos em frente a sede do Banco Central, na Avenida Paulista, 1.804. Foto: Zanone Fraissat/Folhapress cod 1980
Centrais Sindicais em ato contra os juros altos em frente a sede do Banco Central, em São Paulo

PROTESTO

As centrais sindicais Força Sindical, UGT, NCST e CSB realizaram protesto "contra os juros altos" em frente à sede do Banco Central, em São Paulo na manhã desta terça.

O ato acontece no primeiro dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne para definir a taxa básica de juros (Selic). A decisão será divulgada nesta quarta-feira (8).

A Força Sindical levou o já conhecido dragão inflável de três cabeças que "representam a inflação, o desemprego e os juros altos".


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