Folha de S. Paulo


Facebook começa a pagar por conteúdo jornalístico em vídeo

Dado Ruvic - 14.ago.13/Reuters
A man is silhouetted against a video screen with an Facebook logo as he poses with an Samsung smartphone in this photo illustration taken in the central Bosnian town of Zenica in a file photo taken August 14, 2013. Facebook Inc will buy fast-growing mobile-messaging startup WhatsApp for $19 billion in cash and stock, as the world's largest social network looks for ways to boost its popularity, especially among a younger crowd. REUTERS/Dado Ruvic/Files (BOSNIA AND HERZEGOVINA - Tags: BUSINESS TELECOMS) ORG XMIT: TOR903
Homem usa aplicativo do Facebook no smartphone

O Facebook começou a pagar a veículos de informação como "New York Times", "BuzzFeed", "Huffington Post" para que usem sua ferramenta Live, de vídeo ao vivo. O objetivo é ter conteúdo jornalístico de qualidade numa de suas apostas de 2016.

Os contratos de "incentivo financeiro" foram confirmados por "NYT" e "BuzzFeed". Segundo esse último, o Facebook paga cerca de US$ 250 mil por 20 vídeos postados por mês, em contratos de duração trimestral.

Para o jornalista especializado Peter Kafka, primeiro a informar a mudança, não são "grandes somas, mas é conceitualmente uma grande coisa para uma empresa que se negava a licenciar conteúdo ou pagar criadores: é a primeira vez que usa dinheiro".

Foram fechados contratos com esportistas, atores e âncoras de TV. O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou, ao destacar o Live na apresentação dos resultados do primeiro trimestre: "Estamos no início de uma era de ouro do vídeo on-line".

Argumentou ser efeito da transição técnica no compartilhamento. "No desktop era mais fácil digitar, então líamos mais texto. No aparelho móvel é mais fácil carregar vídeo, então vemos mais."

A ideia é erguer em cinco anos um "ecossistema" em torno do Live e outros formatos novos de vídeo. Zuckerberg está envolvido diretamente: na quarta, conduziu uma conversa com astronautas da estação internacional.

E o "BuzzFeed" já protagonizou uma vitória e uma derrota do Live. Em abril, a explosão de uma melancia passou de 10 milhões de espectadores, "pela primeira vez, um número comparável à televisão", festejou o site.

video da melancia

Por outro lado, há três semanas, uma entrevista do "BuzzFeed" com Barack Obama foi transferida às pressas, por problema técnico após dois minutos, para o concorrente Google, do YouTube.

Em revés mais significativo, outro concorrente, o Twitter, ficou com os direitos de dez jogos de futebol americano, após o fracasso das conversas do Facebook com a NFL. A derrota num contrato histórico por direitos esportivos é minimizada pelo Facebook, que comentou não ver seus usuários interessados em transmissões mais longas.

Noutro projeto prioritário do Facebook, Instant Articles, pelo qual organizações jornalísticas são estimuladas a publicar diretamente na plataforma, para acesso rápido, os incentivos vêm crescendo, mas sem envolver dinheiro.

Lançado há um ano e adotado por "NYT" e outros, vem dando mais amplitude tanto para publicidade como assinatura. Agora os veículos podem publicar vídeos publicitários e mais banners no final de cada post, além de links para assinar newsletters.

TENDÊNCIA

O analista Ken Doctor, do Nieman Journalism Lab, de Harvard, diz que a decisão do Facebook Live pode ser vista como o início de uma "tendência" e lembra que "existem precedentes, outras plataformas, porque elas querem mais conteúdo em vídeo, que é altamente monetizável".

Os veículos já se adaptam. "Como Live e outros criaram um mercado, você vê 'NYT' e start-ups como Vox Media dizendo que se tornaram empresas de vídeo, por acreditar na combinação da venda direta própria com Facebook e provavelmente outros."

Ele não vê o mesmo acontecendo com texto. Cita casos de pagamento por conteúdo escrito, como no acordo do Google com a Associated Press, mas de "pequena monta", porque falta de interesse das empresas de tecnologia.


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