Folha de S. Paulo


Bolsa sobe, mas dólar avança com fluxo de saída e cautela de investidores

O Ibovespa opera em alta de mais de 1% nesta quarta-feira (25), seguindo o bom humor externo e recuperando-se das recentes perdas. O dólar iniciou a sessão em baixa, mas inverteu o sinal e passou a subir acima de 1%, em uma sessão marcada pelo baixo volume de negócios em véspera de feriado.

Segundo operadores, a vitória do governo Temer na aprovação, pelo Congresso, da nova meta fiscal é positiva, mas em grande parte esperada. Porém, persiste a incerteza de investidores em relação ao avanço das medidas econômicas apresentadas nesta terça-feira (24).

A cautela foi reforçada com a divulgação, pela Folha, de áudio entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.

Na gravação, feita por Machado, Renan diz que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator —procedimento central utilizado pela Operação Lava Jato.

O próprio Machado fez um acordo de delação premiada, homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki.

Machado também gravou conversa com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), na qual o peemedebista fala sobre um pacto para deter a Lava Jato. A divulgação do áudio pela Folha levou Jucá a deixar o cargo de ministro do Planejamento de Temer.

"A preocupação do dia acabou recaindo sobre o vazamento de áudio entre Renan Calheiros e Sergio Machado, mas Renan já se posicionou sobre isso e não existe a gravidade que continha o áudio de Romero Jucá", avalia Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

BOLSA

Em mais uma sessão marcada por baixo volume de negócios, o principal índice da Bolsa paulista avançava há pouco 1,26%, aos 49.967,64 pontos.

Beneficiadas pela alta do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras subiam 2,69%, a R$ 8,76 (PN) e 1,17%, a R$ 11,22 (ON).

Os papéis da Vale avançavam 2,11%, a R$ 11,59, e os ON ganhavam 3,70%, a R$ 14,74.

No setor financeiro, Banco do Brasil ON subia 2,81%, a R$ 16,43. A ação se recupera parte do tombo de 5,33% na véspera, quando o governo anunciou a intenção de vender papéis do banco público no fundo soberano.

Ainda no setor, Itaú Unibanco PN ganhava 1,12%; Bradesco PN, +0,97%; Santander unit, -0,05%; e BM&FBovespa ON, +0,49%.

CÂMBIO E JUROS

Apesar do avanço do petróleo, que favorece, o real, o dólar à vista ganhava 1,40%, a R$ 3,6095, enquanto o dólar comercial subia 1,00%, a R$ 3,6120.

No exterior, porém, a moeda americana recuava perante a maior parte das moedas, inclusive emergentes.

"O baixo fluxo de negócios, na véspera do feriado de Corpus Christi nesta quinta-feira (26), propicia um fluxo de saída de dólares do país", explica Ítalo Santos, especialista em câmbio da corretora Icap.

Marcos Trabbold, operador de câmbio da corretora B&T, comenta que, além disso, prevalece a cautela de investidores em relação ao cenário doméstico. "Aprovar o deficit fiscal no Congresso foi fácil, precisa ver se o governo vai ter sucesso para aprovar as reformas propostas", afirma.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para 2017 operava em leve alta, de 13,685% a 13,695%; o DI para janeiro de 2021 avançava de 12,610% para 12,760%

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, perdia 0,66%, para 353,459 pontos.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, os índices avançavam, com o mercado já tendo precificado uma possível alta dos juros americanos entre junho e julho. O índice Dow Jones ganhava 0,94%; o S&P 500, +0,67%; e o Nasdaq, +0,58%

Na Europa, os índices acionários operavam no campo positivo. Na Ásia, com exceção da China, as Bolsas subiram.


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