Folha de S. Paulo


Temer pede apoio do Congresso e diz que aprovação da meta é 'primeiro teste'

O presidente interino, Michel Temer, admitiu nesta terça-feira (24) que a votação da nova meta fiscal no Congresso será "o primeiro teste" de seu governo e pediu que os parlamentares "se esforcem" para aprovar a medida que, segundo o peemedebista, vai "ajudar a tirar o país da crise".

"No dia de hoje temos uma votação de uma matéria importante para o governo, que é a ampliação da meta [fiscal]. Esse será o primeiro teste. De um lado, do governo, do outro lado, do Legislativo, para revelar ao brasileiro que estamos trabalhando", disse Temer. "Eu preciso dos senhores", completou o presidente interino, justificando que a nova meta dará um "clima de tranquilidade" ao país.

Nesta segunda (23), Temer levou pessoalmente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a revisão da meta fiscal. Sua equipe econômica calculou um deficit de R$ 170,5 bilhões, rombo muito maior do que os R$ 96,7 bilhões apresentados pelo governo Dilma Rousseff.

Em discurso de abertura da reunião com os líderes da base aliada, Temer tentou dividir a responsabilidade de estabilizar a economia entre o Executivo e o Legislativo e disse que todos estão "governando juntos" em uma espécie de "semi-parlamentarismo".

"Leio e ouço a afirmação que estou instituindo uma espécie de semi-parlamentarismo. Isso me envaidece, significa que estamos reinstitucionalizando o país", declarou.

Segundo o peemedebista, que refutou mais uma vez a tese de "golpismo" com o impeachment de Dilma, é importante respeitar o "período de interinidade", mas isso não significa "que o país deve parar".

"Quero refutar aqueles que, a todo instante, dizem que houve uma ruptura na Constituição, porque as instituições estão funcionando", disse. "Protestos devem ser feitos pela via legal e democrática, desde que haja uma certa ordem na contestação", completou.

No vermelho - Deficit nas contas do governo vem aumentando desde 2014; em R$ bilhões

OPOSIÇÃO

Temer criticou ainda a oposição que, segundo ele, quer "tumultuar os trabalhos" e impedir a votação da nova meta no Congresso. De acordo com o presidente interino, são parlamentares que, durante o governo Dilma, chegaram inclusive a propor a modificação da meta fiscal, mas "hoje anunciam que vão tentar tumultuar".

"As oposições, na democracia, existem para ajudar a governar. Temos dois momentos: um político-eleitoral e um político-administrativo. Neste, todos devem trabalhar, sem exceção, pelo bem comum", afirmou Temer.


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