Folha de S. Paulo


Empresários atraem nova clientela com salões multifunção

Cortar o cabelo, fazer a manicure e depois aproveitar para conferir uma exposição de arte, fazer uma tatuagem ou jogar sinuca.

Empresários de São Paulo investiram em salões multifuncionais para atrair a clientela e se diferenciar da concorrência acirrada.

Inaugurada em abril na rua Augusta, região central da capital, a Galeria Recorte une salão de beleza, com serviços de coloração, corte, barbearia, manicure e depilação, e um espaço de exposição de quadros feitos com técnicas de recorte e colagem de papel.

"Em cidades como Nova York, Milão e Barcelona é comum ver locais híbridos. Queria trazer um espaço assim para São Paulo", diz a artista plástica e arquiteta Anna Gadelha, 43, sócia e responsável pela Galeria Recorte.

Um dos objetivos de manter os dois negócios em um só local é fazer um cruzamento de público.

Assim, quem visita a galeria passa a conhecer o salão e, quem sabe, se anima a agendar um horário para cortar ou colorir as madeixas.

O contrário vale para quem vai ao salão e acaba dando uma passadinha na exposição, que trocará de artista a cada 50 dias.

Para montar o salão-galeria, Gadelha investiu cerca de R$ 400 mil. O ambiente tem arquitetura com conceito sustentável, com a captação da água da chuva, por exemplo.

A expectativa da empresária é faturar R$ 900 mil no primeiro ano de atuação.

Por enquanto, quem paga as contas é o salão. O corte de cabelo fica entre R$ 70 e R$ 80. "A venda de quadros rende muito pouco, por isso estamos em busca de um patrocínio para a galeria", explica Gadelha.

POR LAZER

Na mesma rua Augusta está outro salão híbrido, o Circus Hair, que reúne brechó, estúdio de tatuagem, gibiteca, bar, espaço para festas e exposições de arte.

Inaugurado em 2012, hoje são duas unidades -a segunda fica na rua Pamplona, também na região central.

"Estou no ramo de beleza há 20 anos e sempre escutava dos meus clientes que ir ao salão representava mais um compromisso em uma agenda já estressante de grandes cidades", diz Rodrigo Lima, 37, fundador da rede.

Quando teve a chance de montar seu próprio negócio, Lima criou um espaço para conectar beleza, moda, cultura e entretenimento.

"Além de permitir que as pessoas vivam uma experiência enquanto estão no salão, quando você tem negócios de mais de um segmento, um ajuda a alavancar o outro", afirma Lima.

O empresário investiu R$ 300 mil para montar a primeira unidade, em um espaço de 300 m².

Na segunda, inaugurada um ano e quatro meses depois, foram colocados cerca de R$ 600 mil. "O espaço era maior, tinha 700 m², e exigiu mais recursos."

No Circus, que recebe 7.000 clientes por mês, o corte de cabelo custa entre R$ 50 e R$ 90.

Segundo Lima, 80% do faturamento das suas duas unidades vem do próprio salão de beleza.

"Estética sempre será nosso carro-chefe, afinal é o segmento em que somos especialistas", diz Lima.

Mesmo assim, o empresário diz continuar de olho em outros setores com potencial.


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