Folha de S. Paulo


Ortodoxa e bem-sucedida, Marques será primeira presidente do BNDES

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Divulgacao Personagem: Maria Silvia Bastos Marques, presidente da Icatu Seguros. Matéria: mulheres/liderança
Maria Silvia Bastos Marques, então presidente da Icatu Seguros

Maria Silvia Bastos Marques é uma executiva muito bem-sucedida, que se formou na academia e no trabalho nos tempos da onda de liberalização da economia, iniciada nos anos do governo de Fernando Collor (1990-92) e de FHC.

No início do segundo mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso (1999-2002), havia sido cotada para ocupar o ministério do Desenvolvimento e o próprio BNDES. Foi convidada a presidir a Petrobras em março de 1999, no lugar de Joel Rennó.

A executiva não quis deixar o comando da CSN, mas foi para o conselho de administração da petroleira. Esteve na direção e na presidência da siderúrgica de 1996 a 2002. A companhia havia sido privatizada em 1993, adquirida por um grupo liderado por Benjamin Steinbruch. Assumiu a empresa grávida de gêmeos.

No governo Collor, trabalhou no Ministério da Economia, na renegociação da dívida externa e em acordos com o FMI. Era coordenadora da área externa da secretaria de Política Econômica, comandada por Antonio Kandir. De abril de 1991 até o impeachment, outubro de 1992, esteve no BNDES.

No banco, foi assessora da presidência de Eduardo Modiano e a primeira mulher a ocupar cargos de diretoria na instituição. Trabalhou no programa de desestatização, ocupando-se da privatização da Embraer e de empresas do setor petroquímico.

Contribuiu para a elaboração das regras das privatizações e coordenou a regulamentação da controversa autorização do uso de "moedas podres" como parte do pagamendo da compra de estatais. "Moedas podres" eram alguns títulos da dívida pública que puderam ser usados na aquisição de estatais por valor muito maior que tinham no mercado secundário.

Marques fizera nome de boa administradora na secretaria da Fazenda do município do Rio de Janeiro, na prefeitura de César Maia (1993-1996), que então estaria no PMDB e no PFL, depois de sair atritado do PDT de Leonel Brizola.

Saneou as finanças da cidade, que voltou a emitir dívida externa e tinha dinheiro no caixa ao final da administração, uma raridade. Pelo lançamento dos títulos externos do Rio, era chamada de "a mulher de US$ 1 bilhão".

Quando convidada para assumir cargos no governo FHC, Marques era ligada ao PFL, Partido da Frente Liberal, hoje Democratas, DEM. Mas era um nome, como se dizia então e agora, "técnico".

De 2007 a 2011, foi presidente da Icatu, empresa do ramo de seguros, da família Almeida Braga.

De 2011 a 2014, presidiu a Empresa Olímpica Municipal, a convite do prefeito Eduardo Paes (PMDB). A EOM é uma estatal carioca que coordena a execução e coordenação de projetos dos Jogos Olímpicos. Depois de deixar a empresa, foi assessora especial do prefeito, ainda tratando de Olimpíadas, e se tornou integrante de conselhos de administração de empresas brasileiras e estrangeiras.

Formou-se em administração pública na FGV do Rio e doutorou-se em economia na mesma escola; escreveu vários artigos sobre dívida externa e alguns sobre inflação. Deu aulas de economia na PUC do Rio, de 1982 a 1990, universidade que formou economistas ditos ortodoxos ou liberais que tiveram grande influência na política econômica dos anos 1990, vários deles seus colegas e amigos íntimos.

Nasceu em Bom Jesus de Itabapoana, norte do Rio de Janeiro. Tem 59 anos.


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