Folha de S. Paulo


Setor de energia acumula bombas-relógio

Endividada e sob suspeita de corrupção, a estatal de energia Eletrobras não conseguiu até agora publicar seu balanço na SEC (a Comissão de Valores Imobiliários americana). O prazo se encerra no dia 18 para a publicação do balanço de 2014.

Esse é um dos problemas que esperam o novo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB-PE).

Desde 2013 com severos prejuízos financeiros, a Eletrobras precisa de uma injeção de R$ 20 bilhões para arrumar a casa. Sem dinheiro, a estatal ouviu repetidos "nãos" do governo Dilma.

No mês passado, porém, obteve um alívio com a decisão do governo federal de pagar as indenizações bilionárias das concessões na área de transmissão. A Eletrobras tem subsidiárias no segmento –Furnas, por exemplo.

Apesar de esse valor também ser de R$ 20 bilhões, será pago em oito anos e cobrado na tarifa do consumidor.

A empresa tem sofrido com projetos mal estruturados, como linhas de transmissão que atrasaram e usinas: Santo Antônio, no rio Madeira (RO), Belo Monte, no rio Xingu (PA), Tumarín, na Nicarágua, e a nuclear Angra 3 são os piores problemas.

Por enquanto, a saída estudada é vender o máximo de distribuidoras possível. Mas muitas são consideradas ativos de baixa qualidade, como as empresas do Amazonas, de Roraima e de Rondônia. As distribuidoras mais equilibradas, como a Celg (Goiás) e a Cepisa (Piauí), já estavam com as suas vendas engatilhadas.

DINHEIRO EM FALTA

Há uma falta de recursos generalizada no setor. Para viabilizar projetos, leilões e as vendas das distribuidoras, o governo vinha recorrendo ao capital chinês.

As negociações têm sido difíceis. Os chineses não apareceram no leilão mais recente de transmissão, travaram a negociação para a compra das obras paradas da espanhola Abengoa, que está em recuperação judicial, e diminuíram o apetite pela Celg.

Outro problema é que a maioria das distribuidoras sofre com um problema chamado sobrecontratação: quando compram em leilões mais energia do que o necessário para atender o mercado.

Elas já estão com uma sobra superior a 5%, o que não é pago pelas tarifas. Para poupar o consumidor, o governo Dilma permitiu que as empresas suspendam os contratos, mas a Folha apurou que as distribuidoras estão tendo dificuldades nessa negociação.


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