Folha de S. Paulo


Petrobras teve prejuízo de R$ 1,246 bilhão no primeiro trimestre

A redução na produção de petróleo e nas vendas de combustíveis levaram a Petrobras a um prejuízo de R$ 1,246 bilhão no primeiro trimestre de 2016. No mesmo período do ano anterior, a empresa havia registrado lucro de R$ 5,330 bilhões.

Segundo a empresa, contribuíram também para o resultado o maior pagamento de juros de sua dívida, que totalizaram R$ 9,6 bilhões, e o aumento de gastos com equipamentos ociosos, principalmente sondas, diante da redução do número de projetos da companhia.

O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, disse que o balanço mostra a "previsibilidade" perseguida pela gestão da companhia, mas que a evolução operacional tem sido contaminada pelos impactos do elevado endividamento.

Lucro ou prejuízo líquido da Petrobras - Em R$ bilhões

"A Petrobras é uma empresa com nível de colesterol alto, que é a sua alavancagem (elevado endividamento). Se uma pessoa com colesterol alto vai ao médico, ele prescreve um remédio, mas diz que tem que ter uma vida mais saudável. E estamos trabalhando todos os dias para ter uma Petrobras mais saudável", comparou ele, que evitou comentário sobre a mudança de governo.

Monteiro evitou tecer comentários mais aprofundados sobre o futuro da atual direção no governo presidente interino Michel Temer.

"Essa questão deve ser endereçada ao Conselho de Administração. A diretoria está totalmente focada no desempenho operacional da companhia."

Em 2015, a Petrobras teve um prejuízo recorde de R$ 36,938 bilhões, com forte impacto de uma série de baixas no valor de ativos por causa da queda do preço do petróleo no mercado internacional e dos altos gastos para manutenção de sua dívida.

No primeiro trimestre de 2016, a dívida da empresa caiu para R$ 450,015 bilhões, ante os R$ 492,894 bilhões do final de 2015, reflexo da valorização do real sobre o dólar no período. A Petrobras fechou o trimestre com R$ 77,778 bilhões em caixa, 20% menos do que os R$ 97,845 bilhões do final de 2015.

A produção de petróleo caiu 7%, para 2,616 milhões de barris de óleo e gás por dia, resultado da estratégia de concentrar paradas para manutenção de plataformas no trimestre. Foram sete unidades de grande porte paralisadas no período.

Já as vendas de derivados no Brasil caíram 5% para 2,056 milhões de barris por dia, resultado da crise econômica.

PETROBRAS NO VERMELHO - Estatal apresenta balanço com novo prejuízo

RECEITA

Com isso, a receita da Petrobras nos primeiros três meses de 2016 foi de R$ 70,337 bilhões, 5% a menos do que os R$ 74,353 bilhões registrados no mesmo período de 2015.

Já a geração de caixa medida pelo EBITDA foi de R$ 21,091 bilhões, praticamente estável em relação aos R$ 21,518 bilhões do primeiro trimestre do ano anterior.

Com a queda nos preços do petróleo, a área de exploração e produção teve prejuízo de R$ 605 milhões, contra um lucro de R$ 3,413 bilhões no primeiro trimestre do ano anterior.

A diretora da área, Solange Guedes, disse que o resultado teria sido positivo sem o impacto dos custos com sondas paradas, que foi de R$ 1,7 bilhão. Os contratos estão sendo renegociados e algumas sondas, devolvidas, já que a frota é hoje maior do que as necessidades da companhia.

Apesar da queda nas vendas, a área de abastecimento foi impulsionada pelos altos preços da gasolina e teve lucro de R$ 7,976 bilhões, alta de 29% na comparação com o primeiro trimestre de 2015.

Resultado líquido da área de abastecimento da Petrobras - Em R$ bilhões

VENDA DE ATIVOS

A Petrobras informou nesta quinta-feira (12) que iniciou negociações exclusivas com a Brookfield para a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), empresa que detém a malha de dutos das regiões sul e sudeste e é um dos maiores ativos do plano de desinvestimentos da Petrobras.

A companhia, porém, não quis informar o valor da negociação. O mercado fala entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões. Na primeira etapa da disputa, a Brookfield concorreu com a francesa Engie e a japonesa Mitsui, entre outras.

A companhia concluiu ainda a venda de sua filial argentina à Pampa, por US$ 1,3 bilhão.


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