Folha de S. Paulo


'Rei da renda fixa' aproveita momento de vingança contra ex-empresa

Tim Boyle/Bloomberg
Bill Gross em seu escritório no Janus Capital Group
Bill Gross em seu escritório no Janus Capital Group

Bill Gross não consegue esquecer a gestora de recursos Pimco nem mesmo dois anos após deixar a empresa criada por ele em 1971. E a tarefa realmente não é fácil: o novo prédio da Pimco, de 20 andares, pode ser facilmente notado da sede do Janus Capital, fundo que tem agora os serviços do homem conhecido como o "rei da renda fixa".

Mas Gross não está muito próximo da Pimco apenas fisicamente. Nos seus pensamentos, a gestora de Newport Beach (Califórnia) parece continuar muito presente.

"Éramos uma família: tudo que fiz foi por eles", diz. "Isso [a sua demissão] é o que mais me desaponta: não fazia sentido comercialmente."

A Pimco não concordaria, ainda que US$ 376 bilhões tenham deixado a gestora desde que ela decidiu, em 2014, que ficaria melhor sem o homem que era o símbolo público da companhia.

A fuga de recursos, porém, não é o único problema da Pimco. Gross entrou na Justiça pedindo uma indenização de US$ 200 milhões (ele prometeu doar o dinheiro para a caridade) porque argumenta que sua demissão foi injusta.

Além disso, e Gross faz questão de lembrar, o fundo pelo qual é responsável, o Janus Global Unconstrained, tem superando o seu concorrente na Pimco. Desde que ele assumiu o comando, em outubro de 2014, até o fim do mês passado, o seu fundo ganhou 1,8%, ante queda de 1,64% obtida pelo da Pimco.

Em um mundo em que o valor de um administrador é medido pela sua capacidade de ter um desempenho superior ao de seus rivais, esses resultados têm revigorado Gross, 71. "Sou obcecado em provar que eles estavam errados. É meio assim: 'Não, vocês não deveriam ter feito e os números vão comprovar'."

"Toda a minha manhã depende de se eu superei eles ou não. Tenho que superá-los mais uma vez. Todos os dias."

Apesar dos resultados positivos, o dinheiro não tem entrado com força no seu fundo. No ano passado, o bilionário George Soros tirou US$ 490 milhões da administração de Gross —do US$ 1,3 bilhão que ele cuida atualmente, cerca de metade é do próprio "rei da renda fixa".


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