Folha de S. Paulo


AOL se reinventa e volta ao Brasil após 10 anos

Peter DaSilva/The New York Times
Tim Armstrong, presidente e presidente-executivo da AOL
Tim Armstrong, presidente e presidente-executivo da AOL

Dez anos depois de deixar o país, a AOL volta ao mercado brasileiro na terça (10) com o lançamento de ferramentas de publicidade digital para publishers e anunciantes. A empresa, que não oferece mais acesso à web, assumiu também as operações publicitárias da Microsoft.

Comprada em 2015 pela Verizon, a maior empresa americana de telecomunicações, a AOL iniciou expansão mundial via acordos e aquisições. Segundo seu presidente e presidente-executivo, Tim Armstrong, o retorno ao Brasil espelha essa estratégia, resultado da "pressão positiva" de parceiros também globais como Procter & Gamble.

"Os clientes que temos querem essencialmente solução de escala, especialmente diante da situação da economia global hoje", diz Armstrong. "Quando você começa a pensar na equação de escala, vê entre 9 e 13 países no mundo que realmente importam. E o Brasil é um deles."

O objeto da AOL é alcançar mensalmente 2 bilhões de consumidores digitais até 2020, ante perto de 700 milhões hoje. Para tanto, fechou acordo com a Microsoft para nove mercados (EUA, Alemanha, Japão, Brasil e outros) e adquiriu plataformas para publicidade mobile como a Millennial Media, um dos lançamentos desta semana.

Já anunciou também que fará uma oferta para aquisição do Yahoo!, se este de fato for colocado à venda. E Armstrong adianta que na América Latina, Brasil inclusive, espera "mais acordos de relacionamento [como o da Microsoft], com empresas de telecomunicação e mobile".

A ambição é abrir uma alternativa ao duopólio atual. "Um dos principais retornos que temos [dos clientes] é que Google e Facebook ergueram incríveis usinas globais, mas eles querem mais concorrência. Estão à procura dos lugares com que podem fazem parcerias no futuro, contra os lugares em que estão hoje."

A AOL, que abandonou o nome America Online e manteve apenas a sigla, descreve-se agora como uma empresa de tecnologia por um lado, oferecendo ferramentas de conexão para publishers e anunciantes, priorizando aparelhos móveis, e de conteúdo por outro, com sites como "TechCrunch".

'FORÇA INEGÁVEL'

Antes da AOL, Armstrong, 44, foi diretor do Google durante quase uma década e é creditado por parte de seu avanço mundial em publicidade. Entre outros postos, foi diretor de Américas no Google, área que abrange o Brasil, mercado que visitou diversas vezes e conhece bem.

Mas ele é cauteloso ao falar do país, hoje. "Você pode ter uma visão de longo prazo do Brasil ou de curto prazo", diz. "Adotamos a visão de longo prazo, de que o Brasil, entre os países grandes, tem alguns dos melhores recursos naturais, uma indústria realmente diversificada, ótimas relações comerciais com a Ásia."

Menciona que todos os países passam por quedas "dramáticas", como os EUA em 2008/09, e que a hora é boa para a AOL no Brasil, onde só pode crescer. "Se estabelecermos nossas raízes corretamente, no lançamento, estaremos numa posição boa quando a economia se recuperar."

Questionado sobre a crise política, declarou-se "desqualificado" para comentar, mas acrescentou: "Passei um bocado de tempo no Brasil, ao longo dos anos, e creio que o que aconteceu nos anos 2000 foi realmente extraordinário, ver o quanto a economia simplesmente levantou voo".

Para Armstrong, "existam ou não desafios políticos, as razões fundamentais para o crescimento dos anos 2000 ainda estão lá: grande mercado, comércio internacional, grandes indústrias, muitos investimentos de empresas estrangeiras. O Brasil é uma força inegável, a maior economia da América Latina".

E a política não importaria tanto: "Os EUA tiveram desafios de liderança [política] ao longo do tempo. De modo geral, penso que liderança é menos importante que a robustez em população, recursos. Minha aposta é que o Brasil volta, não sei quando".

O jornalista viajou a convite da AOL


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