Folha de S. Paulo


Brinquedo 'de casinha' foge do rosa para agradar a meninos e meninas

O rosa sempre esteve presente em brinquedos que imitam situações da vida adulta, como cozinhas, panelas ou kits de limpeza. O monopólio da cor, no entanto, está com os dias contados.

As empresas mostraram na mais recente Abrin, maior feira de brinquedos do país, que os consumidores passarão a encontrar esses produtos em tons mais neutros. O objetivo é desvincular o brinquedo de um único gênero e mostrar que ele foi feito para crianças, independentemente de ser menino ou menina.

"A indústria altera a realidade quando faz uma cozinha rosa, pois na sua casa ela não é dessa cor", afirma André Nascimento, designer da Usual Brinquedos.

"Colocamos novas cores nos brinquedos, pois o fabricante precisa fazer uma interpretação das mudanças na sociedade."

Entre os lançamentos da Usual, está um kit composto por balde, pá, vassoura e esfregão nas cores azul, amarelo, vermelho e verde.

De olho no desejo do consumidor, empresas como a Xalingo, a Calesita e a Hasbro criaram cozinhas em cores que fogem do rosa.

"Havia uma demanda por cores mais neutras, talvez influenciada por programas de TV que mostram meninas e meninos na cozinha", afirma Tamara Campos, gerente de marketing da Xalingo, quem tem uma linha de cozinha, geladeira e fogão em vermelho e preto.

A mudança também está presente na comunicação visual das empresas, que colocaram meninos e meninas brincando juntos em seus catálogos e embalagens.

"Essa é uma tendência mundial da marca. Não vamos fazer campanha por brinquedos neutros. A mudança será assimilada naturalmente pelos consumidores", diz Thaísa Garcia, gerente de marketing da Hasbro.

DRAGÃO

A linha Fur Real, da Hasbro, foi ampliada com um dragão azul, mesma cor da coleira de um cachorro que come ração e faz cocô. Antes, as coleiras dos animais dessa coleção eram da cor rosa.

Tanto a embalagem do dragão Torch como das massinhas Play-Doh Town têm figuras femininas e masculinas brincando juntas.

"A ideia é que todo o mundo brinca e todos brincam juntos. A criança não faz essa diferença de gênero", afirma Thaísa.

Em 2014, o catálogo de brinquedos da rede sueca Top-Toy ganhou visibilidade internacional por mostrar meninos e meninas brincando com os mesmos brinquedos, sem distinção de gênero.

Para Laís Fontenelle Pereira, psicóloga e consultora do Instituto Alana, a divisão dos brinquedos por gênero foi uma criação do mercado, não das crianças. "O mercado criou nichos de consumo para o público infantil."


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