Folha de S. Paulo


Recuperação Judicial da Sete Brasil envolverá R$ 19,3 bilhões

A recuperação judicial da Sete Brasil, que foi protocolada nesta sexta (29) no Rio de Janeiro, envolverá dívidas de R$ 19, 3 bilhões.

A maior parte do valor refere-se ao que a empresa deve a bancos. A ação foi registrada na tarde desta sexta na 3ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Com o pedido à Justiça, a empresa criada para fornecer sondas para o pré-sal, tentará uma saída para escapar da falência. Os sócios investiram R$ 8,6 bilhões no projeto até hoje.

O processo de recuperação judicial está sendo conduzido pelo escritório Sergio Bermudes.

Na semana passada, a Folha já havia antecipado a decisão dos sócios da empresa acerca do pedido de recuperação judicial.

Com a dívida bancária e um investimento de R$ 8,3 bilhões praticamente perdido, os sócios da companhia tentavam um acordo com a Petrobras há mais de um ano.

Um dos projetos mais ambiciosos do governo da presidente Dilma Rousseff, a Sete foi criada para construir e alugar 28 sondas de exploração de petróleo à Petrobras.

Para fazer as embarcações, a empresa se endividou, mas até hoje não conseguiu assinar o contrato com a estatal.

FESTA DO PRÉ-SAL

A Sete foi inventada pela Petrobras e o governo na euforia do pré-sal, no final de 2010. A ideia era ter uma empresa privada, com a estatal como sócia minoritária, para construir as sondas e alugá-las para a própria Petrobras durante 15 anos. A intenção era evitar que a estatal arcasse com esses investimentos.

O projeto parecia tão lucrativo que os investidores disputaram para ver quem ficava com as fatias maiores.

Além da Petrobras, entraram como sócios os bancos BTG Pactual, Santander e Bradesco, investidores estrangeiros, os fundos de pensão Petros, Funcef, Previ, e o fundo de investimento FI-FGTS. Esse grupo investiu mais de R$ 8 bilhões.

Naquele momento, o barril de petróleo estava na casa dos US$ 100, o real estava valorizado, e a economia brasileira dava sinais de que continuaria em alta.

O vento mudou de lado depois que a Operação Lava Jato desvendou um esquema de corrupção na Petrobras e na Sete, o barril de petróleo caiu para cerca de US$ 25 e a economia entrou em recessão.

Com isso, a Petrobras passou a colocar sucessivas barreiras no projeto da Sete.

Desde então, vários sócios queriam a recuperação judicial, mas esbarravam no Petros (dos funcionários da Petrobras), que tinha poder de veto e contava com o apoio de bancos que eram, ao mesmo tempo, sócios e credores.

O Petros, que estava alinhado com a Petrobras, mudou de posição. Os bancos, que queriam tempo para executar parte das garantias antes da recuperação, também deram o aval.


Endereço da página:

Links no texto: