Folha de S. Paulo


André Esteves volta ao trabalho no BTG, mas sem controle do banco

André Esteves voltou ao trabalho, mas ainda continuará fora do "grupo dos sete", como são conhecidos os acionistas controladores do BTG Pactual. Esteves será consultor do grupo, retomando suas atividades, mas sem assumir responsabilidades por decisões do banco.

Denunciado por envolvimento no esquema investigado pela Lava Jato, o banqueiro cumpria reclusão domiciliar até terça, quando ela foi revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Horas depois da decisão, foi à sede do BTG e conversou com os sócios. Nesta quarta (27), o banco anunciou sua volta.

Persio Arida continuará como presidente do conselho de administração e Huw Jenkins, como vice. Claudio Galeazzi e Mark Maletz permanecem como conselheiros independentes, e Marcelo Kalim e Roberto Sallouti, como copresidentes do banco.

VOLTA POR CIMA

O retorno de Esteves, que nega as acusações da Lava Jato, é o primeiro passo de sua estratégia para voltar plenamente ao mercado. De outro lado, o BTG passa a imagem de que Esteves é importante, mas o banco é forte mesmo sem ele no comando.

Desde que Esteves foi preso, em novembro, acusado pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MT) de participar de um esquema para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o BTG, que já esteve entre os dez maiores do país, mergulhou em uma crise.

Investidores sacaram seus investimentos. Somente um dos fundos, o GEM, viu sua carteira passar de US$ 5 bilhões para US$ 200 milhões.

O banco colocou empresas à venda e levantou R$ 6 bilhões com o FGC (fundo garantidor), para reforçar o caixa e fazer frente aos saques.

Em meio a essa tempestade, contratou a firma americana Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan e o escritório brasileiro Veirano Advogados para vasculhar e-mails e documentos que pudessem, de alguma forma, comprovar o suposto uso do banco nas acusações contra Esteves.

Com o atestado da auditoria e o trunfo de já ter devolvido R$ 2 bilhões ao FGC, o BTG agora trabalha para recuperar grandes clientes.

Esteves também se valerá do resultado da auditoria americana para preparar sua defesa no STF. Se o resultado lhe for favorável, dará mais um passo para retomar o controle do banco.

Esteves também é investigado em inquérito do STF sob suspeita de obter junto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vantagens com a aprovação de medidas provisórias favoráveis ao banco. Ele nega irregularidades.


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