Folha de S. Paulo


Exportação e artigo de 1ª necessidade sustentam indústria

Sergio Lima - 31.jan.2013/Folhapress
Máquinas do laboratório Genix, que produzem cápsulas para comprimidos de fármacos
Máquinas do laboratório Genix, que produzem cápsulas para comprimidos de fármacos

Exportadores dos mais diversos segmentos e fabricantes de produtos de primeira necessidade, como remédios e alimentos. Essa é a face da indústria que sobrevive à crise, mantém-se competitiva e se prepara para um salto assim que a economia reagir.

Mesmo a cadeia de óleo e gás, afetada duplamente pela Lava Jato e pela derrocada no preço do petróleo, está entre os 5 dos 27 setores industriais em expansão, segundo o IBGE (veja ao lado). Principal aposta da política industrial nos últimos anos, o setor é um dos que mais investiram em tecnologia.

Muitos dos projetos encampados no início da década só agora entraram em linha, o que explica a reação do setor, segundo Rodrigo Zeidan, economista da Fundação Dom Cabral.

Indústria que dá certo

"Os setores da indústria em crescimento de uma forma ou de outra têm potencial exportador", diz Flávio Castelo Branco, gerente de política da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Com o encolhimento da demanda interna, os produtores nacionais se voltam aos compradores de outros países.

"O Brasil em geral não é um grande exportador, mas possui a tradição de ver no mercado externo uma alternativa em momentos de crise", afirma Daniel Sousa, 34, economista do Ibmec-RJ.

O setor de produtos de fumo, o de maior crescimento, é predominantemente exportador. No ano passado, 87% da produção foi exportada; neste ano, deve chegar a 90%, segundo Benício Albano Werner, presidente da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil). A safra deste ano deverá ser 20% menor do que a anterior, mas os preços subiram quase 25%. Nos últimos meses, as chuvas melhoraram a qualidade do fumo brasileiro, que ganhou mercado do produto africano prejudicado pela estiagem.

No caso da indústria de papel e celulose, além do câmbio e da geografia favorável, a competitividade brasileira se deve à busca por produtividade das empresas, segundo Zeidan. O segmento alimentício também se vale dessa vantagem, de acordo com Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação). "Nosso setor é abastecido localmente e nossas importações são mínimas."

No segmento fármaco, o consumo apresenta resultados positivos primeiramente pelo caráter essencial de seus produtos. "As pessoas não podem deixar de comprar", disse Castelo Branco, da CNI. "O setor farmacêutico é o último a entrar em crise e o primeiro a sair", afirma Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (Sindicato da Indústria Farmacêutica).

Entre março de 2015 e março de 2016, o volume de produção de medicamentos no país cresceu 7,41%, e as vendas ao consumidor tiveram alta de 12,6%. A expectativa da associação é que a produção cresça 8% em 2016.


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