Folha de S. Paulo


Prévia da inflação de abril indica alta de preços apesar de alívio na energia

Mesmo com a queda na conta de luz, a tendência é que a inflação de abril acelere em relação a março, indicou a prévia da inflação oficial para o mês divulgada na manhã desta quarta-feira (20) pelo IBGE. O IPCA-15 de abril foi de 0,51%, alta em relação aos 0,43% registrados na prévia do mês de março.

No mês passado, um alívio na conta de luz havia permitido que o movimento de alta de preços desacelerasse em relação ao mês imediatamente anterior. A queda no preço da energia elétrica continuou em abril, com a mudança no regime de bandeiras tarifárias, mas foi insuficiente para fazer a alta de preços dos produtos brasileiros desacelerar.

O motivo foi a alta dos alimentos, tendência que já havia sido verificada na divulgação anterior e que se acentuou neste mês. Somente em abril, alimentos tiveram alta 1,35%, quase o dobro do aumento de março, de 0,77%.

As principais razões foram o clima instável e a valorização do dólar em relação ao real. O item frutas teve a maior contribuição individual para o índice– subiu 8,52% na prévia de abril, com destaque negativo para açaí (11,8%), uva (15,8%) e mamão (27,45%).

Produtos importantes na mesa do brasileiro também tiveram alta: cenoura (8,77%), leite (5,76%), hortaliças em geral (5,02%), batata inglesa (4,80%) e o feijão carioca (4,19%).

Inflação por grupos - Variação em % segundo o IPCA-15

INFLAÇÃO ACUMULADA

A despeito do movimento, a inflação permanece em níveis abaixo dos registrados em 2015. O IPCA-15 registrou, no acumulado deste ano até abril, alta de 3,32%, abaixo do verificado em igual período do ano passado (4,61%).

Nos 12 meses encerrados em abril, o índice acumula variação de 9,34%, abaixo dos 9,95% dos 12 meses imediatamente anteriores.

Embora indique desaceleração no ritmo de alta de preços, a inflação em 12 meses continua acima do teto da meta do governo, de 6,5%. O centro da meta é de 4,5%.

O IPCA-15 mede a inflação dos últimos quinze dias do mês anterior até a segunda quinzena do mês corrente. Ele é a prévia da inflação oficial do país, medida mensalmente pelo IPCA, índice também compilado pelo IBGE.

Inflação - Índice de variação de preços medido pelo IPCA-15, em %

ENERGIA ELÉTRICA

A queda do preço da energia elétrica teve impacto significativo na inflação de março, em função da mudança do regime de bandeiras tarifárias.

A medida também ajudou a prévia de abril. O grupo habitação, onde entra o preço da energia, teve deflação– o contrário de inflação, quando há queda de preços. O IPCA-15 de abril para o segmento foi de -0,41%. Em março havia sido de -0,52%.

O regime de bandeiras foi criado no ano passado para encarecer a conta de luz e, como consequência, reduzir o consumo de energia em momento de demanda muito próxima da oferta. Uma cota extra por megawatt consumido foi adicionada às faturas dos consumidores.

O programa começou com a adoção para todos os consumidores da chamada bandeira vermelha– nível mais alto de cobrança extra. Em março, passou à bandeira amarela, nível intermediário. Neste mês, foi para verde, que significa tarifa sem qualquer sobrepreço além do consumido. A mudança foi possível devido um consumo de energia mais baixo e produção mais favorável.


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