Folha de S. Paulo


Franquias buscam crescimento em cidades de até 100 mil habitantes

As redes de franquias estão em busca de cidades menores para crescer. Um estudo elaborado pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) aponta a abertura de lojas em cidades com até 100 mil habitantes como uma das tendências do setor.

Entre os empresários que decidiram adotar a estratégia, a diminuição dos custos fixos é vista como a principal razão. Mas não é a única.

"Muitas dessas cidades têm rendas per capita maiores que as dos grandes centros", diz Altino Christofoletti, vice-presidente da ABF e fundador da rede Casa do Construtor.

Fabio Braga/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 13-04-2016: O diretor de expense da HOPE, Sylvio Korytowski. Franquias estao apostando em cidades do interior com menos de 50 mil habitantes para crescer. A ideia e ir para municipios onde a competicao e nula ou menor, onde o mercado nao esta saturado e os custos sao mais baixos. (Foto: Fabio Braga/Folhapress, NEGOCIOS)MPME.
O diretor de expensão da Hope, Sylvio Korytowski, em loja da rede na cidade de São Paulo

Foi após um estudo de avaliação de potencial dos mais de 5.200 municípios brasileiros que a marca de roupas íntimas femininas Hope decidiu criar um modelo para cidades menores.

"Vimos que as franquias só estavam em 40% dos municípios", conta o diretor de expansão, Sylvio Korytowski.

A empresa já estuda pontos em Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Para cidades com até 100 mil habitantes, a Hope cobra R$ 180 mil por uma unidade franqueada -contra R$ 450 mil do modelo normal.

Entre as vantagens percebidas pela companhia, estão a ampliação do território de atuação e tornar a marca mais conhecida fora das capitais.

ECONOMIA

"Um aluguel em uma cidade como São Paulo gira em torno de R$ 12 mil. Nas cidades menores, com cerca de R$ 1.500 já é possível obter um imóvel adequado", diz Everton Didone, diretor de expansão da rede de alimentação Brasileirinho Delivery.

Fundada em 2013, a rede tem hoje cerca de 10% dos franqueados em municípios deste porte. A ideia é ampliar esse número até o fim do ano.

Recentemente, a empresa chegou a Lucas do Rio Verde (MT), de 57 mil habitantes.

Segundo Didone, há 36 contratos já em fase de negociação para abrir unidades em cidades pequenas.

O maior desafio é encontrar um modelo de negócio viável, afirma Alexandre Lorenzon, gerente de expansão da Casa do Construtor.

A empresa passou três anos testando uma loja piloto em Santa Rita do Passa Quatro, em Minas Gerais, com 26 mil habitantes.

Criou então o conceito denominado +Rental, uma franquia de aluguel de materiais de construção para ser instalada dentro de outras lojas já existentes nas cidades.

O investimento para se abrir um modelo desse tipo é de cerca de R$ 250 mil, metade do que custa uma franquia tradicional da rede. A perspectiva é abrir ao menos 30 lojas em 2016.

BOCA A BOCA

Trabalhar no interior traz algumas particularidades para o empresário.

"Nessas cidades, muitas pessoas se conhecem, de modo que o atendimento cuidadoso, para gerar um boca a boca positivo é ainda mais importante", diz a consultora do setor de franquias Claudia Bittencourt.

A escolha do ponto de venda em uma cidade pequena também exige mais cautela do que nas capitais.

"É importante estar em uma avenida movimentada, onde a população vai poder te ver", diz Antônio Pinhatari, diretor de expansão da iGUi piscinas, que nasceu em Cedral (SP), cidade de 44 mil habitantes.

Por sua origem interiorana, a rede sempre teve como um de seus focos os mercados de cidades menores.

A companhia tem algumas de suas franquias em estradas que levam para zonas rurais, onde há chácaras e sítios, cujos donos são seu público-alvo.

"É comum no interior que as pessoas visitem municípios vizinhos para compras. Assim, o investimento tem potencial ainda maior", afirma Pinhatari.


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