Folha de S. Paulo


Dólar sobe com BC; Bolsa avança mais de 3% com cenários externo e político

O mercado doméstico segue apostando suas fichas de que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff passará na votação no plenário da Câmara no próximo domingo. Também acompanha o bom humor externo, após dados da balança comercial chinesa melhores que o esperado e avanço das commodities metálicas.

Com isso, o Ibovespa sobe mais de 3% nesta quarta-feira (13), caminhando para ter a maior pontuação em quase dois meses e os juros futuros recuam.

O mercado de câmbio, porém, reage a mais um dia de atuação pesada do Banco Central. O dólar à vista subia há pouco 0,53%, para R$ 3,5578, depois de ter atingido a máxima de R$ 3,5647. O dólar comercial ganhava 1,83%, para R$ 3,5580; na máxima da sessão até agora, chegou a ser cotado a R$ 3,5640.

O BC realizou nesta manhã leilão de 80.000 contratos de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares, no montante de US$ 4 bilhões. Deste total, foram aceitos 57.000 contratos, no valor de US$ 2,846 bilhões.

Em um segundo leilão, foram aceitos 6.000 dos 23.000 contratos de swap cambial reverso restantes da primeira operação do dia, no montante de US$ 299,1 milhões. Até agora, o volume de swap cambial reverso aceito nesta quarta-feira soma US$ 3,15 bilhões.

É possível que sejam ofertados ainda nesta quarta-feira os 17.000 contratos restantes do lote de 80.000 contratos.

Na terça-feira (12), o BC leiloou 160.000 contratos de swap cambial reverso, totalizando um recorde de US$ 8 bilhões em compra futura de dólar.

Como na sessão anterior, a autoridade monetária não anunciou para esta quarta-feira rolagem de swap cambial tradicional, que corresponde à venda futura de dólar pelo BC.

Com as operações de swap cambial reverso e a suspensão da rolagem de contratos de swap tradicional, o BC aproveita para reduzir sua posição vendida em swaps cambiais.

Segundo analistas, a ação do BC está correta, na medida em que a instituição reduz sua posição vendida em swap cambial e controla a queda exagerada da moeda americana ante o real. A pressão de baixa da moeda americana decorre das expectativas de investidores de que haverá o impeachment da presidente Dilma.

Com isso, dizem os profissionais, a autoridade monetária sinaliza que o dólar a R$ 3,50 é um patamar confortável para combater a inflação sem prejudicar os exportadores.

Os juros futuros recuavam: o contrato de DI para janeiro de 2017 caía de 13,750% na véspera para 13,675%; o DI para janeiro de 2021 passa de 13,480% para 13,280%,

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, recuava 4,58%, para 344,248 pontos. Se mantiver este patamar até o fim da sessão, será o menor nível desde 28 de agosto do ano passado (331,232 pontos).

BOLSA

Em dia de vencimento de opções sobre índice, o Ibovespa subia há pouco 3,37%, aos 53.756,39 pontos.

Além do cenário externo positivo, investidores repercutem a adesão das bancadas do PP e do PRB ao impeachment. "Isso fragiliza ainda mais o governo, e já há quem ache que não tem mais jeito para a votação do impeachment na Câmara no final de semana", comenta Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais.
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No setor financeiro, as ações exibiam forte alta: Banco do Brasil ON, +3,93%; Itaú Unibanco PN, +2,25%; Bradesco PN, +2,43%; Santander unit, +2,75%; e BM&FBovespa ON, +1,86%.

As ações preferenciais da Petrobras ganhavam 6,75%, a R$ 9,64, e as ordinárias avançavam 4,14%, a R$ 11,82, mesmo com os preços do petróleo em baixa nesta sessão.

Os papéis PNA da Vale subiam 6,61%, a R$ 15,14, e os ON avançam 7,36%, a R$ 20,12, com o avanço do minério de ferro na China pelo terceiro dia seguido.

Os papéis de siderúrgicas operavam em forte alta, repetindo o desempenho desta terça-feira: CSN ON, +20,60%; Gerdau PN, +13,89% e Usiminas PNA, +12,06%, com expectativas do aumento da demanda de aço pela China.

EXTERIOR

O bom humor global nesta sessão decorre dos dados sobre o comércio exterior da China melhores do que o esperado pelo mercado e da alta dos metais.

As exportações da China cresceram 11,5% em março na comparação com o mesmo período do ano anterior, o primeiro aumento desde junho e o maior desde fevereiro de 2015. As importações caíram 7,6%, menos do que o esperado.

Os números sobre o comércio exterior da China dão sinais de que a desaceleração da segunda maior economia do mundo está se aproximando do fim.

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones subia 0,86%, o S&P 500, +0,84% e o Nasdaq, +1,11%.

As Bolsas europeias fecharam com altas expressivas: Londres (+1,93%); Paris (+3,32%); Frankfurt (+2,71%); Madri (+3,21%); Milão (+4,13%).

Na Ásia, as Bolsas também subiram com o otimismo provocados pelos dados da balança comercial chinesa.


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