Folha de S. Paulo


Expectativa de impeachment faz dólar cair a R$ 3,49, apesar de ação do BC

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 06-04-2016, 18h00: O advogado Renato Oliveira Ramos (de gravata laranja), assessor parlamentar, é visto assessorando o relator do processo do impeachment, dep. Jovair Arantes (PTB-GO), durante a leitura do relatório e também conversando com o presidente da comissão dep. Rogerio Rosso (PSD-DF). Ele é advogado de confiança do presidente da casa dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
O deputado Jovair Arantes durante a leitura de seu relatório, na comissão da Câmara

As apostas de investidores de que haverá o impeachment da presidente Dilma Rousseff fizeram o dólar comercial atingir o patamar de R$ 3,49 nesta segunda-feira (11), apesar da atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio.

A autoridade monetária realizou três vezes leilão de swap cambial reverso para tentar conter a queda da moeda americana.

O Ibovespa fechou em baixa, após ter subido 3,67% na sexta-feira (8), acompanhando os índices em Nova York e com os investidores aproveitando para realizar lucros. Os juros futuros recuaram.

Além do cenário político, o real foi favorecido pelo cenário externo positivo, com alta das commodities e expectativas de mais estímulos à economia chinesa. A moeda americana recuou ante as principais moedas globais, e este ranking foi liderado pelo real.

Dólar volta a cair ante o real - Variação da moeda americana à vista, em R$

O dólar comercial fechou em queda de 2,83%, cotado a R$ 3,4950, no menor patamar desde 20 de agosto de 2015 (R$ 3,4610). A moeda americana à vista recuou 2,74%, a R$ 3,5263, no nível mais baixo desde 21 de agosto do ano passado (R$ 3,4973).

DÓLAR
Saiba mais sobre a moeda americana
NOTAS DE DÓLAR

O Banco Central realizou pela manhã leilão de swap cambial reverso, que equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária. Dos 20.000 contratos ofertados, foram leiloados apenas 7.700.

Ainda pela manhã, o BC anunciou novo leilão, ofertando os 12.300 que não foram aceitos mais cedo. Nesta segunda operação, foram leiloados 5.000 contratos.

Às 16h20, o BC ofertou os 7.300 contratos de swap cambial reverso restantes, que foram leiloados totalmente. Desta forma, todos os 20.000 contratos foram aceitos nesta segunda-feira.

O BC realizou ainda a rolagem de swap cambial tradicional com vencimento em maio, aceitando 4.000 das 5.500 propostas. O swap cambial tradicional corresponde à venda futura da moeda americana pelo BC.

"Com a expectativa de impeachment, não há atuação do BC que dê resultado para conter a queda do dólar", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

BOLSA

O Ibovespa chegou a subir 1,58% na máxima da sessão, logo após a abertura, mas perdeu fôlego. A inversão de sinal acompanhou o movimento na Bolsa de Nova York.

Bolsa reage ao cenário político - Variação do Ibovespa em 2016, em pontos

O principal índice da Bolsa paulista fechou em queda de 0,25%, aos 50.165,47 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,919 bilhões.

Os investidores estavam à espera da votação do relatório favorável ao impeachment na Comissão Especial da Câmara. A previsão era de derrota do governo na comissão.

"Os investidores estão atentos agora ao placar de votos na comissão para ter uma ideia do que ocorrerá quando a votação for ao plenário da Câmara", afirma um operador. "Enquanto isso, à espera de fatos novos, o mercado aproveita para realizar lucros, mas o otimismo se mantém", diz um operador.

Analistas citam como mais um ponto desfavorável ao governo a ameaça de debandada do PP. Segundo o deputado Jerônimo Georgen (PP-RS), até o início da noite deste domingo (10), nove diretórios estaduais do PP haviam fechado posição favorável ao impeachment, entre eles SP, RS, PR, GO e MG.

No setor financeiro, Banco do Brasil ON avançou 3,06%; Itaú Unibanco PN, +0,50%; Bradesco PN, +2,11%; Santander unit, -1,30%; e BM&FBovespa ON, -1,25%.

As ações preferenciais da Petrobras tiveram alta de 1,57%, a R$ 8,39, mas as ordinárias recuaram 0,66%, a R$ 10,42 (ON). Já as ações da Vale subiram 5,00%, a R$ 12,80 (PNA) e 4,49%, a R$ 16,97 (ON).

JUROS

Os juros futuros recuaram também em função do cenário político. As projeções de menores pressões inflacionárias, evidenciadas no boletim Focus, do BC, contribuem para jogar as taxas para baixo.

O contrato de DI para janeiro de 2017 caía de 13,800% na sexta-feira (8) para 13,770%, e o contrato de DI para janeiro de 2021 recuava de 13,750% para 13,570%.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e outro indicador da percepção de risco do país, caía 3,14%, para 377,840 pontos.

EXTERIOR

As expectativas de maiores estímulos à economia chinesa e a alta dos preços do petróleo e do minério de ferro colaboram para o bom humor nos mercados globais.

MOEDAS PELO MUNDO - Variação do dólar, em %

Na Bolsa de Nova York, os índices operavam em alta, mas mudaram de direção com projeções de que os balanços de empresas americanas no primeiro trimestre deverão apresentar resultados ruins.

O índice Dow Jones caiu 0,12%; o S&P 500, -0,27% e o Nasdaq, -0,36%.

Na Europa, as Bolsas europeias fecharam no campo positivo: Londres (-0,07%); Paris (+0,22%); Frankfurt (+0,63%); Madri (+0,83%); e Milão (+1,25%).

Na Ásia, os índices chineses encerraram o pregão desta segunda-feira (11) com altas superiores a 1%, mas a Bolsa de Tóquio caiu após o dólar atingir a mínima de 17 meses ante o iene.


Endereço da página:

Links no texto: