Folha de S. Paulo


Alta nos juros da Caixa encarece a casa própria; solução é dar entrada maior

Samuel Costa/Folhapress
Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 7,2 bilhões em 2015
A Caixa aumentou os juros para financiamento de imóveis

Toda notícia de aumento de taxa de juros no financiamento imobiliário prejudica quem planeja comprar a casa própria. Por menor que seja a alta, no final das contas, o valor investido no imóvel será maior.

O comprador que não possui relacionamento com a Caixa, por exemplo, e busca um financiamento para uma casa de até R$ 750 mil, encontra agora uma taxa 1,32 ponto percentual maior. O banco público anunciou aumento dos juros para compra de imóveis na semana passada.

Cálculo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostra que, após o ajuste, um imóvel de R$ 500 mil terá custado R$ 69.492 a mais após 30 anos.

"Qualquer pequena alteração de juros afeta diretamente no bolso. Em um ambiente de renda menor, como o atual, você irá pagar mais do que gostaria", diz Miguel José de Oliveira, diretor executivo da Anefac.

O impacto pode ser ainda maior no início do financiamento. Cerca de 90% dos contratos são fechados pela tabela SAC (Sistema de Amortização Constante), pela qual o valor das prestações cai ao longo do tempo e os juros incidem sobre o valor devido. Com isso, as primeiras parcelas podem ficar mais caras, segundo a Anefac.

"As dez primeiras parcelas passam de R$ 3.133 para R$ 3.638, ou seja, o tomador necessita de ainda mais dinheiro no início do financiamento", diz Oliveira.

Para evitar juros tão elevados, a solução é dar uma entrada maior, sugere Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.

"Assim você diminui juros e encargos. Use 13º salário, pesquise e negocie com outros bancos também", diz.

Imóvel de R$ 500 mil, com entrada de 30% e prazo de 30 anos - SFH (Financiamento de imóveis de até R$ 750 mil)

JUROS X ENTRADA

Outra ação da Caixa, essa considerada positiva pelo mercado imobiliário, foi a elevação do valor máximo que pode ser financiado: passou de 50% para 70%. Segundo especialistas, essa medida tem impacto mais relevante que a alta dos juros.

"É melhor uma taxa de juros de 11,22% do que não ter recursos para o financiamento", afirma o economista-chefe do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), Celso Petrucci. Ele diz que não havia como segurar a alta dos juros.

No mesmo dia da elevação do percentual máximo financiado, a Caixa informou que ficaria com R$ 16,1 bilhões dos R$ 21 bilhões liberados pelo Conselho Curador do FGTS para o setor.

O montante veio para compensar a dificuldade do banco público em captar recursos para novos financiamentos após os saques sofridos pela poupança - R$ 53 bilhões foi o volume retirado da caderneta no ano passado.

Imóvel de R$ 1 milhão, com entrada de 30% e prazo de 30 anos - SFH (Financiamento de imóveis acima de R$ 750 mil)

DICAS

1. ENTRADA MAIOR - Guarde dinheiro para dar uma entrada maior na compra da casa própria. A equação é simples: quanto menor o montante financiado, menor será o encargo com juros

2. ANTECIPE PRESTAÇÕES - Utilize o 13º salário, saldo do FGTS e outras fontes de renda extras para antecipar o pagamento de parcelas do financiamento. Assim, você irá abater o montante devido, sobre o qual incidem os juros

3. PESQUISE - Apesar de a Caixa dominar o mercado, os demais bancos também oferecem financiamento imobiliário. Se você já tem relacionamento com outra instituição, seu poder de barganha será maior lá, com chances de taxas de juros mais atrativas

4. LINHAS MAIS BARATAS - Considere outras alternativas de financiamento, como a que utiliza os recursos do FGTS e tem taxas de juros mais baratas


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