Folha de S. Paulo


Meirelles relança na internet banco Original, de donos da JBS

Ed Ferreira/Brazil Photo Press/Folhapress
Henrique Mereilles, ex-presidente do Banco Central
Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, relança banco de pequeno porte em plataforma digital

Com o nome cogitado para participar de um eventual governo de transição do PMDB, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles resolveu empenhar seu prestígio na reinvenção de um minúsculo banco de São Paulo –cujo número de clientes pretende elevar de 5.500 para 2 milhões em dez anos.

Nesta segunda (28), Meirelles relançou o banco Original, controlado pelos mesmos donos da gigante de alimentos JBS. Cuidando pessoalmente do anúncio, ele apresenta a instituição como a primeira totalmente digital do país.

Sobre a agitação na política, tema que acompanha de perto, não quer falar agora. "Não perco tempo com hipóteses. Neste momento meu trabalho está focado nesse novo banco", diz o executivo, hoje presidente do Conselho da J&F, holding do grupo que produz as marcas Friboi, Seara, Vigor e Havaianas.

Meirelles está tão envolvido com o projeto que cogitou fazer o papel de garoto-propaganda da nova campanha publicitária do Original. Como seu nome voltou a circular ostensivamente no meio político, a ideia foi suspensa.

O Original foi criado anos atrás para dar empréstimos aos fornecedores de gado do JBS. Depois de chegar ao J&F, em 2012, o executivo contratou gente nova e mudou o perfil da casa para atrair a alta renda. Queria um perfil mais parecido com o do americano BankBoston, do qual foi presidente global nos anos 1990.

De acordo com Meirelles, o banco já investiu R$ 600 milhões na sua plataforma digital. Vai oferecer de crédito a investimento, com operações todas fechadas pela internet e por meio de aplicativos.

Meirelles planeja elevar a clientela para 100 mil pessoas e empresas em um ano, para 250 mil a 300 mil depois de dois e chegar a 2 milhões ao final de uma década.

Para chegar a tanto, o banco vai precisar disputar clientes com nomes poderosos como Itaú e Bradesco. Tarefa difícil, especialmente numa fase de recessão aguda como a de agora, com bancos pequenos e médios em dificuldades para sobreviver e instituições estrangeiras, como HSBC e Citi, desistindo do país.

"O momento de crescer é aquele em que a competição está em retração. Vamos avançar independentemente do ciclo econômico do país."

CENÁRIO POLÍTICO

Antes do conselho da J&F, Henrique Meirelles, 70, teve dois empregos na vida. Fez carreira no BankBoston até chegar ao topo e chefiou o BC nos oito anos da gestão Lula.

Com frequência, seu nome aparece no cenário político. Em 2010 o ex-presidente Lula quis que ele fosse vice na chapa de Dilma. Na campanha de 2014, foi cogitado como vice de Aécio Neves (PSDB).

Nos últimos meses, enquanto Lula tentava revigorar o governo Dilma, seu nome foi sugerido para ocupar o Ministério da Fazenda. Ele e a presidente não se gostam.

Agora, Meirelles é cogitado como um dos nomes para a Fazenda de um eventual governo de transição do vice Michel Temer. Essa hipótese, hoje, é remota. Os aliados de Temer querem um ministro sem ambições políticas para 2018. Ambição é o que não falta em Meirelles.

*

BANCO ORIGINAL EM 2015

Ativos totais
R$ 6,7 bilhões

Carteira de crédito
R$ 3,2 bi

Lucro líquido
R$ 111 milhões

Clientes
5.500

Funcionários
700

Principais concorrentes
Demais bancos pequenos e bancos digitais


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