Folha de S. Paulo


Política embola previsões econômicas e dólar volta a subir no Brasil

Mark Wilson/AFP
ORG XMIT: 590201_1.tif WASHINGTON - MARCH 26: Stacks of one dollar bills pass through on machine at the Bureau of Engraving and Printing on March 26, 2009 in Washington, DC. The roots of The Bureau of Engraving and Printing can be traced back to 1862, when a single room was used in the basement of the main Treasury building before moving to its current location on 14th Street in 1864. The Washington printing facility has been responsible for printing all of the paper Federal Reserve notes up until 1991 when it shared the printing responsibilities with a new western facility that opened in Fort Worth, Texas. Mark Wilson/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
Dólares contados em máquina nos EUA; a moeda sobe com mercado de olho no cenário político

As notícias recentes da política embolaram as previsões e adicionaram incertezas no horizonte de investidores do mercado financeiro.

Se até a semana passada a probabilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff alcançava 75% na visão das principais casas financeiras, nesta, o cenário perdeu fôlego.

A resistência de parte do PMDB em desembarcar do governo e a decisão do ministro Teori Zavaski de puxar a investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Supremo são movimentos contra o impeachment, segundo visão de operadores ouvidos pela Folha.

Isso contribuiu para que a Bolsa cedesse 2,59%, e o dólar subisse para R$ 3,67 (comercial). A alta da moeda americana no exterior também teve efeito no Brasil.

VOLATILIDADE - Cenário interno puxou alta do dólar e queda da Bolsa nesta quarta

A opinião corrente no mercado financeiro é de simpatia pela saída precoce de Dilma, o que poderia encerrar o atual impasse político.

Analistas e investidores ainda têm como previsão preponderante o impeachment da presidente e a assunção do vice, Michel Temer.

Este cenário levaria o mercado à euforia em um primeiro momento, mas não eliminaria os riscos políticos.

Segundo a consultoria Eurasia Group, que faz análise para bancos e gestoras, a delação dos executivos da Odebrecht (ainda em dúvida) e a lista de 200 políticos beneficiados, que circulou nesta quarta (23), "lançam sombras" sobre um eventual governo Temer.

"A decisão de Odebrecht e OAS de cooperar é um punhal que pairará sobre a administração Temer por algum tempo (...) Mesmo se Temer não estiver implicado pessoalmente, a implicação de escalões superiores de seu partido vai dificultar sua capacidade de negociar reformas no Congresso", escreveu Christopher Garman, da Eurasia.

O executivo de um grande banco que opera no Brasil avalia que a delação da Odebrecht pode engolir "mais políticos, talvez até o vice, o que colocaria em dúvida se haveria um governo de transição".

Para três gestores ouvidos, a aposta que tem ganhado corpo é que Temer assumiria e, se conseguisse formar um governo com apoio político, poderia retardar o julgamento sobre as doações ilegais da campanha de 2014, o que poderia tirá-lo do cargo.

Para Mauro Schneider, da consultoria MCM, é difícil fazer previsões de um eventual governo Temer. "A atenção principal do mercado hoje ainda é se vai ou não haver impeachment", disse.


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