Folha de S. Paulo


Desemprego nas metrópoles vai a 8,2% e é o maior desde maio de 2009

Com o aumento da dispensa de trabalhadores, a taxa de desemprego cresceu de 7,6% em janeiro para 8,2% em fevereiro nas seis maiores regiões metropolitanas do país, informou o IBGE nesta quarta-feira (23). Trata-se da maior taxa desde maio de 2009 (8,8%).

Os dados são da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que acompanha o mercado de trabalho em seis regiões metropolitanas do país (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre).

O resultado ficou ligeiramente acima do esperado. Os economistas consultados pela agência internacional Bloomberg previam um aumento para 8,1% no mês, considerando o centro (mediana) das projeções.

O mercado cortou fortemente postos de trabalho em fevereiro. A população ocupada (empregada) era de 22,55 milhões em fevereiro, 1,9% menos que no mês anterior. Isso significa 428 mil pessoas a menos com emprego.

O mês de fevereiro costuma ser marcado pelas dispensas de trabalhadores temporários contratados no fim do ano anterior. Desta vez, porém, isso ocorreu de maneira mais intensa.

"Houve uma intensificação dessa redução da população ocupada, que é uma características do mês. Essa queda foi a maior registrada para meses de março desde 2003", disse Adriana Beringuy, técnica do IBGE.

Frente a um ano antes, essa queda é ainda mais intensa, de 3,6%, ou 842 mil trabalhadores empregados a menos nas seis metrópoles pesquisadas pelo IBGE.

Desemprego - Taxa de desocupação, em %

Na passagem de janeiro para fevereiro, as demissões foram maiores no setor de comércio, com o corte de 177 mil empregos, uma queda de 3,9%. Foi o maior corte do setor para o mês desde 2003. O grupo chamado outros serviços (que inclui alimentação, transporte e serviços pessoais) cortou 174 mil postos, uma queda de 4% no número de empregos.

"Esse corte do comércio veio sobretudo da região metropolitana de São Paulo, com cortes de 100 mil vagas na comparação a janeiro", disse a técnica do IBGE.

Com isso, a população desempregada (desocupada) em fevereiro chegou a 2 milhões de pessoas, 7,2% acima de janeiro deste ano, ou 136 mil pessoas a mais. E 39% acima do mesmo mês do ano passado.

O crescimento da taxa de desemprego não foi ainda maior porque muitos dos demitidos não procuraram emprego no período e, portanto, não foram considerados desempregados. Pela metodologia do IBGE, só é desempregado quem procura emprego.

O número de pessoas não economicamente ativas cresceu 1,4% de janeiro para fevereiro, o que representa 281 mil pessoas. Frente a fevereiro do ano passado, o aumento foi de 4,5%, um avanço em 903 mil pessoas.

Esse movimento ocorreu em todas as regiões metropolitanas, mas foi especialmente mais intenso no Rio de Janeiro. Na cidade, 105 mil pessoas foram para a inatividade, um aumento de 2% frente a janeiro deste ano.

Já o rendimento real (que já desconta a inflação) dos trabalhadores foi de R$ 2.227,50 em fevereiro, uma queda de 1,5% frente ao mês anterior e de 7,5% na comparação a fevereiro do ano passado, segundo informou o IBGE.

Rendimento real habitual - Em R$

"Essa queda no intervalo de um ano reflete as dispensas de empregados e também a dificuldade de negociação de reajustres salariais acima da inflação", disse Beringuy.

Esta é a última vez que a PME é calculada pelo IBGE. A partir de agora, o mercado de trabalho será medido pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), de abrangência nacional.


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