Folha de S. Paulo


Não tenho porta-voz nem discuto cenário, diz Temer

O vice-presidente Michel Temer desautorizou, nesta segunda-feira (21), declarações públicas em torno da composição e da plataforma de uma administração capitaneada por ele, caso haja o impeachment de Dilma Rousseff. Em nota, Temer disse que não tem "porta-voz" e que "não discute cenários para um futuro governo".

No domingo (20), reportagem da Folha mostrou que o agravamento da crise e o isolamento político da gestão Dilma desencadearam conversas efetivas entre Temer e a cúpula da oposição em torno de propostas que devem ser encampadas pelo vice, caso ele assuma.

As negociações envolvem nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senadores do PSDB Aécio Neves (MG) e José Serra (SP). Nessas conversas, o vice foi aconselhado a formalizar sua disposição de abrir mão da disputa à reeleição em 2018 e ainda a adotar parte da agenda pregada pela oposição, como corte no número de ministérios –hoje são 39 pastas. O PSDB prega algo entre 15 e 18.

Nesta segunda, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou entrevista em que Serra falou abertamente sobre esses temas.

A resposta do vice à iniciativa do tucano veio em forma de nota. "Michel Temer não tem porta-voz, não discute cenários políticos para futuro governo e não delegou a ninguém anúncios sobre sua vida pública", informou o texto assinado pela assessoria do peemedebista.

"Quando tiver que anunciar algum posicionamento, ele mesmo o fará, sem intermediários." Serra não comentou o texto.

Aliados de Temer consideraram as declarações do tucano "inapropriadas" e "indiscretas". O vice tem feito questão de, publicamente, manter distância das discussões sobre o fim do governo Dilma.


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