Folha de S. Paulo


Dólar renova mínima em mais de 6 meses; Bolsa fecha em leve alta

Carlos Severo/ Fotos Públicas
Moeda americana alcançou o menor patamar desde 28 de agosto de 2015

O dólar terminou em queda ante o real nesta sexta-feira (11), mais uma vez influenciado pelas expectativas de investidores quanto um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O Ibovespa manteve-se volátil e encerrou o pregão com alta moderada, sustentado pelo bom humor externo. O clima, no entanto, era de cautela, com o mercado local aguardando os desdobramentos dos eventos políticos marcados para o fim de semana.

Neste sábado (12), haverá a convenção do PMDB —que pode marcar o afastamento da sigla, ou não, do governo Dilma. No domingo (13), estão previstos protestos pró-impeachment em todo o país.

O dólar comercial perdeu 1,42%, a R$ 3,5900, o nível mais baixo desde 28 de agosto de 2015 (R$ 3,5870). A moeda americana à vista fechou em baixa 0,96%, a R$ 3,6160 — também o menor patamar desde 28 de agosto do ano passado (R$ 3,5846).

DÓLAR
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NOTAS DE DÓLAR

Desde o pico de alta da moeda americana, em 21 de janeiro deste ano, quando chegou a R$ 4,1473 —o maior valor nominal (sem correção pela inflação) desde a criação do Plano Real, em 1994—, o dólar à vista já caiu 12,8%. Somente neste mês de março, acumula queda de 8,9%.

Já o dólar comercial recuou 13,8% desde 21 de janeiro, quando também atingiu o maior valor nominal desde o Plano Real (R$ 4,1660).

"Temos visto a queda da moeda americana [ante o real] sem correlação ao que acontece nos pares emergentes. O fator político é o grande direcionador da moeda e assim será por algum tempo", escreveu o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos. "Os desdobramentos políticos têm impacto tão forte na economia que o noticiário de Brasília e o policial têm mais efeito que os movimentos de commodities externas."

Os juros futuros também encerraram a sessão em baixa: o contrato de DI para janeiro de 2017 passou de 13,830% na véspera para 13,730%; o contrato de DI para janeiro de 2021 saiu de 14,290% para 14,190%.

Analistas acreditam que há espaço para um corte na taxa básica de juros (Selic) no segundo semestre, com a desaceleração da inflação.

Dólar - Variação da moeda em 2016

BOLSA

O Ibovespa fechou com leve ganho de 0,14%, aos 49.638,67 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,836 bilhões. Neste ano, o indice acumula alta de 14,51%.

Segundo operadores, o otimismo quanto a uma eventual saída de Dilma do poder prevalece no mercado de ações, mas o tom desta sexta-feira foi de cautela em relação aos eventos políticos do final de semana.

Contudo, o cenário externo favorável e o avanço do petróleo seguraram o principal índice da Bolsa paulista no campo positivo.

As ações da Petrobras ganharam 1,76% na PN (R$ 8,09) e 2,85% na ON (R$ 10,09).

Em Londres, o petróleo Brent tinha alta de 0,95%, a US$ 40,43; nos EUA, o WTI ganhava 1,98%, a US$ 38,59. Um relatório da AIE (Agência Internacional de Energia) apontou que os preços do petróleo "chegaram ao fundo do poço", o que estimulou a alta da commodity nesta sessão.

A maior parte dos papéis do setor financeiro terminou o pregão com ganhos, com destaque para Banco do Brasil ON, que avançou 6,27%, a R$ 22,85.

EXTERIOR

Em Wall Street, o Dow Jones fechou com ganho de 1,28%, o S&P 500 subiu 1,64% e o Nasdaq, +1,85%.

As Bolsas europeias terminaram com altas expressivas: Londres (+1,71%); Paris (+3,27%); Frankfurt (+3,51%); Madri (+3,69%); e Milão (+4,80%).

Além do avanço do petróleo, as Bolsas se recuperaram do tombo da véspera, com os investidores reavaliando de maneira mais positiva as medidas de estímulo anunciadas pelo BCE (Banco Central Europeu) no dia anterior.

Na Ásia, as Bolsas chinesas encerraram as operações desta sexta-feira em ligeira alta.


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