Folha de S. Paulo


Venda do varejo cai 1,5% em janeiro, a maior queda para o mês desde 2005

Depois do tombo de 4,3% no ano passado, o varejo começou o ano mais pressionado do que o previsto. As vendas do setor tiveram queda de 1,5% em janeiro na comparação com o mês anterior, informou o IBGE nesta quinta-feira (10).

Foi a maior queda para o mês desde 2005, quando as vendas do setor recuaram 1,9%.

Um dos setores mais dinâmicos da economia na década passada, o comércio sente os efeitos do menor consumo das famílias, que cortaram gastos com a piora do emprego, alta da inflação e menor oferta de crédito.

"Os fatores que incidem sobre a queda do consumo continuam presentes neste início de ano. As vendas estão piorando com queda em diversas atividades", disse Isabella Nunes, técnica do IBGE.

Segundo a pesquisa do IBGE, as vendas tiveram queda de 10,3% na comparação com janeiro do ano passado. Foi o pior janeiro desde 2001, início da série da pesquisa. E a maior queda desde março de 2003 (-11,4%) considerando todos os meses.

Considerando o desempenho acumulado nos últimos 12 meses, o desempenho de vendas do setor teve queda de 5,2%. É também o pior resultado da série histórica da pesquisa.

Volume de vendas do varejo - Em %

Os números vieram pior que as expectativa de economistas consultados pela agência Bloomberg, cujo centro (mediana) das projeções indicava queda de 0,7% frente a janeiro e de 8,5% na comparação com o mesmo mês de 2015.

O setor vem de dois meses de instabilidade. Em novembro, as vendas cresceram com consumidores antecipando compras de Natal para aproveitar a promoção da Black Friday. Em dezembro, as vendas caíram.

O IBGE revisou o resultado das vendas de novembro do setor de uma alta de 1,6% para 0,5%, considerando a série com ajuste sazonal (que retira influências típicas de cada período). Dezembro permaneceu em queda de 2,7%.

Volume de vendas do varejo, em dez.2015 - Comparado com mês anterior, segundo grupos de atividade, em %

SETORES

Das oito atividades do varejo pesquisadas pelo IBGE, seis tiveram menor volume de vendas no primeiro mês do ano frente ao fim do ano passado.

Na passagem de dezembro para janeiro, o principal destaque negativo ficou para o setor de móveis e eletrodomésticos, com queda de 4,3%, o segundo resultado negativo consecutivo, informou o IBGE.

Um dos setores com maior peso na pesquisa, o ramo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve queda de 0,9% na passagem dos meses, em sua terceira queda consecutiva.

"A atividade de hiper e supermercados é muito ligada à renda a à inflação. E vimos os preços de alimentos subindo nos últimos meses. O setor acumulou perdas de 3,7% em três meses", disse a técnica do IBGE.

Outros resultados negativos vieram das atividades de combustíveis e lubrificantes (-3,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,8%), tecidos, vestuário e calçados (-0,5%), livros, jornais, revistas e papelarias (-0,1%).

As duas exceções foram as atividades de artigos farmacêuticos (0,1%) —ramo mais resistente por comercializar artigos de primeira necessidade— e equipamentos e materiais para escritório e informática (1,6%).

AMPLIADO

O IBGE também calcula as vendas do varejo ampliado. Esse cálculo inclui veículos e materiais de construção. O cálculo é feito em separado porque os dois ramos também comercializam no atacado.

Neste caso, as vendas do varejo ampliado tiveram queda de 1,6% na passagem de dezembro do ano passado para janeiro deste ano. E recuou 13,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

As vendas de automóveis tiveram queda de 0,4% na passagem de dezembro para janeiro e de 18,9% frente ao mesmo mês do ano passado. Já os materiais de construção recuaram 6,6% frente a janeiro e 18,5% frente ao mesmo mês de 2015.


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