Folha de S. Paulo


Banco Central mantém taxa básica de juros em 14,25% ao ano

Marcos Santos/USP Imagens
Boletim Focus reduz projeção para inflação para 7,57% em 2016
Selic fica em 14,25%, decide Banco Central

O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano mesmo com a inflação acima dos 10% em 12 meses até janeiro. É a quinta reunião consecutiva em que o Copom (Comitê de Política Monetária) decide que a taxa deve permanecer inalterada.

A posição era esperada por 43 dos 45 economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg. Apenas dois previam alta da Selic: um estimava aumento de 0,25 ponto percentual e outro em 0,50 ponto percentual.

Seis membros do Copom votaram pela manutenção da taxa (Alexandre Tombini, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso), enquanto dois (Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon) optaram por um aumento para 14,75% ao ano.

Nas últimas semanas, integrantes do Copom –incluindo o presidente do BC, Alexandre Tombini– vinham sinalizando que a Selic não deveria voltar a subir tão cedo. Eles argumentaram, em reuniões abertas e em encontros privados com participantes do mercado financeiro, que o cenário de recessão deveria conduzir os preços para mais perto da meta de inflação.

Taxa básica de juros (Selic)

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, disse, no mês passado, que as expectativas de piora das economias brasileira e mundial deve contribuir para a queda da inflação em 2016, mas que a instituição avaliava que "não pode descuidar de idiossincrasias e particularidades de nossa realidade", como a indexação de preços e a expectativa de inflação ainda alta neste e no próximo ano.

Para analistas, a decisão indica que o BC está mais preocupado com a retração da atividade econômica do que com o controle da inflação.

O IBGE divulga nesta quinta-feira (3) o tombo do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2015, que deve ficar em -3,9%, segundo economistas. Para 2016, tampouco a economia do país dá sinais de recuperação. A previsão é de nova queda do PIB neste ano.

Em evento da Anbima realizado na manhã desta quarta, na sede da Bloomberg em São Paulo, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e CEO da Mauá Capital, avaliou que a autoridade monetária não precisaria mais subir a taxa de juros, dado que o consumo está desacelerando. "O mérito estaria mais em esperar (para elevar juros) do que em ser ativista", disse.

Em janeiro, o Copom surpreendeu o mercado ao manter a taxa no atual patamar. À época, as projeções eram de alta para 14,50% ou 14,75%.

No dia do primeiro de dois encontros do Copom para decidir a nova Selic, Tombini sinalizou que não haveria mais espaço para alta da taxa. Até então, a comunicação do BC era pela elevação, que mirava o controle da inflação.

Após a mudança de direção da autoridade monetária, economistas ouvidos no Boletim Focus passaram a prever que a Selic deve encerrar o ano no atual patamar. Antes, eles trabalhavam com alta.

Em ata da reunião, divulgada no final de janeiro, o Banco Central avaliou que a piora do cenário internacional e um crescimento menor da economia brasileira podem aumentar as chances de que a inflação caia para mais perto do centro da meta, 4,5%, em 2017.


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