Folha de S. Paulo


Crise ameaça crédito com garantia, mais barato para o consumidor

A desvalorização dos preços de imóveis e de veículos deve afetar as concessões de empréstimos com garantia neste ano. A linha costuma ter taxas menores do que as do consignado, conhecido como crédito barato.

Como bancos e financeiras tomam como base o valor de mercado dos bens para calcular o quanto podem emprestar, o montante que o consumidor pode tomar deve cair conforme o país mergulha na recessão.

As duas linhas que podem ser afetadas são "home equity" —crédito com garantia de imóvel— e refinanciamento de veículos.

A crise afeta a dinâmica de oferta e demanda nos dois mercados. Com aumento do desemprego, queda na renda, crédito mais caro e sem confiança, os proprietários de imóveis e veículos encontram mais dificuldade de vendê-los pelo valor desejado. Para fazer negócio, precisam baixar o preço, afetando em cadeia todos os valores de imóveis parecidos na região.

Para quem quer tomar crédito dando esses bens como garantia, isso significa menos dinheiro no bolso.

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"O mercado está desaquecido. Para calcular o crédito, tomamos como base a tabela Fipe, que tem a cotação dos veículos. A crise afeta esses valores, porque a tabela reflete as transações no mercado", afirma Tadeu Silva, vice-presidente da Omni financeira, que oferece refinanciamento de veículos.

"Tem muita oferta, muita gente entregando o carro, e isso derruba o preço. De 2014 para 2015, a inadimplência subiu 12% nesse produto."

No caso dos imóveis, esse cenário pode ocorrer em regiões que tenham registrado muitos lançamentos por preços altos nos últimos anos, avalia Laércio Roberto de Souza, gerente geral da área imobiliária do Banco Daycoval. "Pela diminuição da procura de imóveis para compra, pode haver acomodação do preço de imóveis de até 5%", acrescenta Souza.

TAXAS MAIS BAIXAS

Os empréstimos com garantia normalmente oferecem taxas menores porque, ao ter um bem como garantia, o banco aceita reduzir os juros cobrados. Eles partem do princípio de que, em caso de calote, poderão tomar o imóvel ou o carro de volta por meio da alienação fiduciária, já que a posse do bem é transferida para a instituição financeira.

No caso do "home equity", é possível tomar até 60% do valor do imóvel, de acordo com normas do Banco Central. No refinanciamento de veículos, o montante pode chegar a 100% do preço de mercado do carro.


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