Folha de S. Paulo


Barbosa inicia conversas com economistas de diferentes vertentes

Jorge Araujo - 24.nov.2015/Folhapress
Ministro teve encontros individuais com Marcos Lisboa e Luiz Gonzaga Belluzzo

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, deu início a um movimento de conversas com economistas de diferentes vertentes.

A atitude de Barbosa é vista como tentativa de sinalizar que está disposto a construir consenso em torno das medidas necessárias para tirar o Brasil da crise.

Nesta quinta-feira (4), em São Paulo, o ministro teve encontros individuais com Marcos Lisboa, presidente do Insper, e com Luiz Gonzaga Belluzzo, professor aposentado da Unicamp.

De acordo com Belluzzo –economista de linha heterodoxa, mais afinada com as ideias de Barbosa–, a conversa entre eles girou principalmente em torno da proposta do ministro de adotar uma meta de superavit primário (economia do setor público para pagar juros da dívida) de mais longo prazo.

Atualmente, o governo mira objetivos anuais.

"Ele expôs o ponto de vista dele de tentar recuperar o equilíbrio fiscal, mas, ao mesmo tempo, impedir a continuação da brusca queda da atividade", diz o economista, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo Sarney.

De acordo com Belluzzo, a tentativa do governo de fazer, no ano passado, um forte ajuste fiscal de curto prazo acabou tendo efeito contrário ao desejado.

"A queda da atividade se acentuou, o resultado das contas públicas se deteriorou e as expectativas para a economia pioraram ainda mais", afirma o economista, que apoia a ideia de Barbosa.

DIAGNÓSTICO

Já Lisboa, economista de orientação liberal, apresentou a Barbosa seu diagnóstico sobre a conjuntura e sua visão sobre as medidas que deveriam ser tomadas para reverter o atual quadro recessivo e melhorar as perspectivas de crescimento no longo prazo.

"Falei sobre vários temas, como a necessidade da reforma da Previdência, de medidas para melhorar o ambiente de negócios e aumentar a transparência das contas do setor público."

O economista –que foi vice-presidente do Itaú e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo Lula– defende a criação de uma espécie de "comissão fiscal da verdade", que, segundo ele, permitiria ao governo fazer política pública de forma mais organizada.

Apesar do profundo quadro recessivo vivido pelo país, Lisboa se diz menos pessimista do que há dois anos.

"Antes o debate não fluía. Agora, estamos, pelo menos, discutindo os problemas que o país enfrenta."

Também estavam previstas na agenda do ministro conversas com Bernard Appy –que integrou a equipe econômica do governo Lula e hoje é diretor do Centro de Cidadania Fiscal– e Marcio Pochmann, professor da Unicamp e ex-presidente do Ipea.


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