Folha de S. Paulo


Museu da TAM, aberto em 2006, é fechado em São Carlos

Visitado por mais de cem mil pessoas por ano, o Museu da TAM, em São Carlos (a 232 km de São Paulo), foi fechado pela companhia aérea no último fim de semana.

Próximo de completar dez anos de atividade —foi aberto em novembro de 2006—, o museu foi vítima da crise econômica, conforme a TAM.

Por meio de nota oficial, a TAM informou que a suspensão das atividades é temporária e que será acompanhada de um plano de modernização e implementação de novas tecnologias e mudanças de local. Esse processo, segundo a empresa, deverá durar até cinco anos.

Em carta enviada a autoridades, amigos e colaboradores nesta terça-feira (2), o presidente do museu, João Amaro, disse que o "sonho foi interrompido, mas não acabou". Segundo ele, a suspensão das atividades tem como objetivo elaborar um projeto mais amplo, moderno e adaptado a novas tecnologias, aberto a parcerias e em um novo local, na Grande São Paulo.

Com 96 aeronaves em seu acervo, o museu já era alvo de questionamentos sobre a permanência em São Carlos desde o ano passado, quando sua transferência para um local com possibilidade de ampliar o número de visitantes era discutida.

O site do museu já está fora do ar. O link direciona o internauta a uma página de aviação executiva da companhia aérea.

Na página do museu no Facebook, um comunicado de três linhas informa que o museu está temporariamente fechado. O local também não abriu no final de semana, "devido a problemas técnicos".

João Amaro, irmão de Rolim Amaro —ex-presidente da TAM (1942-2001)—, já tinha discutido ao menos três vezes nos últimos dois anos com o prefeito de São Carlos, Paulo Altomani (PSDB), a possibilidade de transferir o museu, possivelmente para alguma área na região metropolitana de São Paulo.

A decisão envolvia o crescimento do museu, que teria ficado grande para a cidade, e o número de visitantes, abaixo das expectativas. A mudança estava prevista para ocorrer em um prazo de até cinco anos.

O museu foi inaugurado em novembro de 2006, com investimento inicial de R$ 30 milhões, sendo R$ 12 milhões de incentivos governamentais. Dois anos depois, fechou para ser ampliado, passando de 9.000 m² para os atuais 22 mil m². Foi novamente aberto em 2010.

MEIO SÉCULO

Os irmãos Rolim começaram a colecionar aeronaves há exatos 50 anos, em 1966. O primeiro exemplar foi um Cessna-195, de 1950, adquirido num leilão. Ambos chegaram a viajar de moto para Argentina e Chile atrás de mais aviões antigos. Conseguiram 15.

O acervo foi ampliado com doações de clientes e fornecedores. Entre os mais valiosos, está um Spitfire, de 1942, da Rolls-Royce, que participou da Segunda Guerra.

A TAM já tem um centro de manutenção de aeronaves em São Carlos, que integra um polo aeroespacial. O município tenta internacionalizar seu aeroporto e, na USP (Universidade de São Paulo) local, é oferecido o curso de engenharia aeronáutica. A Embraer tem uma unidade na vizinha Gavião Peixoto.

Procurada, a Prefeitura de São Carlos ainda não se manifestou sobre o assunto nesta terça-feira (2).

Quando surgiu a possibilidade de transferência do acervo, em maio do ano passado, a administração informou considerar o museu um patrimônio local e parte do polo aeroespacial, e que lutaria para mantê-lo em São Carlos.


Endereço da página:

Links no texto: