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'Na recessão, todos somos perdedores', diz chefe do Bradesco no Conselhão

Karime Xavier/Folhapress
Presidente do Bradesco, Luiz Trabuco
Presidente do Bradesco, Luiz Trabuco

Às 14h40 desta quinta-feira (28), a presidente Dilma Rousseff entrou no salão oeste do Palácio do Planalto para receber os integrantes do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).

Diante de um cenário de crise política e econômica, o governo federal decidiu retomar a dinâmica dos encontros —a última reunião ocorreu em 2014. "Queria, com muita pompa, dar posse aos conselheiros", anunciou o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), membro do conselhão.

O grupo tem 92 personalidades de "ilibada conduta e reconhecida liderança", segundo decreto publicado no "Diário Oficial da União", entre empresários, representantes de movimentos sindicais e da sociedade civil. Caberá a eles, segundo o governo, discutir temas de relevância nacional e sugerir ações para o poder público.

"Agradeço esse voluntariado de cada um de vocês, porque aqui é uma escola de cidadania participativa, e vocês poderão dizer para os netos e filhos que contribuíram para fazer o país melhor", disse o ministro da Casa Civil.

Em tempos de desgaste entre o Planalto e o Congresso Nacional, Wagner foi cauteloso: "Vou repetir para que não fique dúvida: não substituímos aquele que tem a legitimidade e legalidade de ser o fiscal do governo e de escrever as leis do país, que é o Congresso Nacional."

RECESSÃO

O primeiro a ter voz no encontro, entretanto, não adotou tom otimista. "Todos somos perdedores, porque na recessão todo mundo perde", disse Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Para ele, essa crise é "diferente de todas as outras".

"Hoje temos uma pauta única no Brasil: o que nos angustia é como tirar o país da recessão. () Cada um de nós é protagonista do Brasil hoje, no sentido de que todos têm hoje parcela de responsabilidade. Todos somos perdedores, pois na recessão todo mundo perde."

Ele reconheceu que cada um dos integrantes tem uma "pauta própria sobre como sair do imobilismo".

Ele apontou o que considera a "falta" de tolerância na sociedade brasileira atualmente e ponderou que, muitas vezes, "um olhar externo" pode ter uma "nova percepção do que está acontecendo". "É preciso criar consequências desse encontro de modo que encontremos ideias compatíveis que resultem em ações compartilhadas."

"Essa crise é diferente de todas as outras, mas a crise é algo que tem que ser resolvido no curto prazo. No longo prazo, o país sempre será uma terra de oportunidades", disse.

DINÂMICA

Com uma extensa lista de conselheiros, foi preciso adotar uma dinâmica compatível com o prazo do encontro, previsto para durar quatro horas. Serão oito falas de conselheiros, divididos igualmente entre lideranças empresariais e, de outro lado, sindicais e da sociedade civil.

"Cada um terá seis minutos para sua fala. Extensível a depender da minha bondade", brincou Wagner.

Após esse momento –cujo tempo máximo será de uma hora–, seguem as falas dos ministros Alexandre Tombini (Banco Central), Nelson Barbosa (Fazenda), Kátia Abreu (Agricultura), Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Valdir Simão (Planejamento). As autoridades também terão uma hora para se manifestarem.

Após essa fase, será a vez da presidente Dilma Rousseff - o "ponto alto", segundo definiu Jaques Wagner.


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