Folha de S. Paulo


Turismo na Argentina fica mais caro com real desvalorizado

Mariana Eliano/Folhapress
O consultor de projetos Sady Fauth Jr., que já havia morado em Buenos Aires em 2012, verifica preços em supermercado
O consultor de projetos Sady Fauth Jr., que já havia morado em Buenos Aires em 2012, verifica preços em supermercado

"Uma lembrancinha de dançarinos de tango do tamanho do polegar está R$ 50." Assim a brasileira Paloma Rocha, 23 anos, resume a situação dos preços na Argentina.

A desvalorização do real e a inflação dos últimos anos no país vizinho –na cidade de Buenos Aires, ela atingiu 26,9% em 2015, segundo a Prefeitura– tornaram o destino caro para os brasileiros.

Os preços dos alimentos estão em média 30% mais altos na Argentina do que no Brasil. Hotéis e restaurantes custam até 20% mais, segundo a consultoria Abeceb.

A escalada dos preços começou em 2007, quando a inflação passou a ultrapassar a barreira dos 10%. Três anos depois, a valorização artificial do peso fez com que o país ficasse caro para aqueles que chegam com dólares.

Alimentação na Argentina custa mais que no Brasil - Preços em US$

Para os brasileiros, o cenário piorou em 2015, com a desvalorização do real.

"No Brasil, o dólar ficou muito tempo entre R$ 2 e R$ 3. Esse câmbio tornava a Argentina mais acessível. Agora o panorama é outro", afirma o economista-chefe da consultoria Ecolatina, Lorenzo Sigaut Gravina.

O consultor de projetos Sady Fauth Junior, 37, esteve na Argentina pela primeira vez em 2012 e voltou em agosto de 2015 para morar.

Segundo o brasileiro, um almoço que custaria cerca de R$ 25 em Brasília sai o equivalente a R$ 40 em Buenos Aires. "Não está compensando viver aqui se você depender do real. Os preços aumentam toda semana", diz.

A inflação se acelerou ainda mais nos últimos 50 dias em decorrência da desvalorização de aproximadamente 40% do peso promovida pelo governo do novo presidente, Mauricio Macri.

Apenas em dezembro, os preços na capital aumentaram em média 3,9% –a taxa mais elevada para um mês em quase dois anos. As carnes subiram 14,2% e os medicamentos, 18,8%.

Paloma Rocha, que esteve na cidade por 30 dias entre dezembro e janeiro com o noivo, ajustou a programação ao orçamento. As refeições tiveram de ser feitas mais no apartamento –alugado pela internet– que na rua.

"Conseguimos fazer tudo o que queríamos, mas foi bem regrado e não deu para comprar nem um presentinho."

As consultorias projetam inflação de 30% para 2016 (o governo prevê até 25%) e mais desvalorização, com US$ 1 valendo 15,5 pesos (hoje está em 13,95 pesos).

A única vantagem que o brasileiro leva hoje é poder usar o cartão de crédito.

Até meados de dezembro, havia mais de uma cotação para o peso na Argentina. A oficial, em que um dólar valia 9,9 pesos, e a paralela, na qual chegava a 14,55 pesos.

Com isso, o turista que comprava no cartão acabava pagando o oficial, mais caro. Agora, o câmbio independe do meio de pagamento.


Endereço da página:

Links no texto: