Folha de S. Paulo


Nota de Tombini é 'atitude sem precedentes', diz Meirelles

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
O ex-presidente do BC Henrique Meirelles apresentafórum da Folha
O ex-presidente do BC Henrique Meirelles, evitou fazer mais comentários sobre o assunto

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles classificou como "atitude sem precedentes" a nota em que o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou serem "significativas" as revisões das projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o PIB do Brasil, de contração de 1% para recuo de 3,5%.

Em seminário do Credit Suisse, Meirelles, que esteve à frente do BC durante o governo Lula, de 2003 a 2011, foi questionado sobre a nota que Tombini divulgou na manhã desta terça (19), mas evitou fazer mais comentários sobre o assunto.

Ele lembrou que Paul Volcker, que comandou o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) nos anos 1980, ainda se recusa a falar sobre as políticas de seus sucessores, mesmo tendo deixado o cargo há mais de 25 anos. No Brasil, disse Meirelles, "existe uma boa prática de Banco Central de não haver comentários diretos pelo menos no primeiro mandato".

"Quando se sai do Banco Central, durante quatro anos [seguintes], [a orientação] é que não se faça comentários de julgamento direto, dizendo "eu faria isso, não faria. [Isso] está errado, está certo". Porque, inclusive, tem impacto no mercado. Dito isso, é uma atitude [de Tombini], talvez, sem precedentes", limitou-se a dizer.

A nota divulgada por Tombini na véspera da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros gerou uma série de críticas do mercado.

A instituição afirma, no entanto, que não violou nenhuma regra escrita e que agiu de maneira inédita diante de um fato também inédito: a drástica revisão das projeções de crescimento do país feita pelo FMI.

Colaboraram VALDO CRUZ e EDUARDO CUCOLO, de Brasília

Taxa básica de juros (Selic)


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