Folha de S. Paulo


Após FMI piorar previsão do PIB, mercado crê em alta menor de juros

Em reação a uma nota divulgada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na véspera da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado começou a reavaliar sua posição e passou a apostar numa alta de juro de 0,25 e não de 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (20). Alguns economistas chegam a prever a possibilidade de a taxa Selic ficar inalterada nos 14,25% ao ano.

Quebrando uma tradição de não se manifestar publicamente às vésperas das reuniões do Copom, o BC divulgou nesta terça-feira (19) nota na qual afirma avaliar como "significativas" as revisões das projeções sobre a economia brasileira feitas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para 2016 e 2017.

No relatório Panorama Econômico Global, o FMI revisou a previsão para o desempenho do PIB brasileiro de -1,0% para -3,5% em 2016 e de +2,3% para 0% em 2017.

Taxa básica de juros (Selic)

Em seu comentário sobre as projeções, Tombini afirma ainda que "todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado."

Segundo avaliação de analistas, a nota de Tombini, um dia antes de o BC definir a nova taxa de juros, foi divulgada para corrigir as expectativas do mercado, que apontavam majoritariamente para um aumento de 0,50 ponto percentual.

Logo depois da divulgação da nota, as projeções de mercado em suas operações já apontavam para a possibilidade de a taxa Selic subir de 14,25% para 14,50% nesta quarta (20).

SELIC
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NOTAS DE 20 REAIS

Alguns analistas apostavam, inclusive, na possibilidade de o Banco Central optar por manter a taxa no atual patamar, em vez de fazer um movimento de alta como vinha sinalizando nos últimos dias.

Nesta terça-feira, reportagem da Folha já mostrava que o Palácio do Planalto avaliava que o BC deveria subir os juros na primeira reunião do ano do Copom, mas apostava que o órgão optaria por um aumento "mínimo", ou seja, de 0,25 ponto percentual.

A avaliação foi feita por assessores presidenciais, acreditando que a piora do cenário externo e seu reflexo sobre as projeções de crescimento do país levaria o Banco Central a optar pelo menor aumento possível. A preferência do Planalto, por sinal, é por uma decisão do BC que mantenha os juros inalterados.

A recessão mais profunda da economia brasileira apontada pelo FMI nesta terça-feira pode influenciar a decisão do Banco Central do Brasil sobre a taxa básica de juros.

Ueslei Marcelino - 21.dez.2015/Reuters
Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na posse do ministro Nelson Barbosa (Fazenda)
Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na posse do ministro Nelson Barbosa (Fazenda)

NOTA DO BC

A nota do BC está sendo interpretada pelo mercado como uma sinalização de que não deverá sancionar a expectativa do mercado de aumento da taxa básica de juros nesta quarta-feira de 14,25% para 14,75% ao ano. A interpretação é a de que o BC vai utilizar o documento do FMI como um argumento para manter os juros inalterado ou elevá-lo para 14,50% ao ano.

Segundo o BC, "o Fundo atribui a fatores não econômicos as razões para esta rápida e pronunciada deterioração das previsões."

As previsões do FMI são piores que as do mercado, que prevê queda no PIB de 2,99% em 2016 e crescimento de 1% no ano seguinte, segundo a pesquisa Focus realizada pelo BC.


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