Folha de S. Paulo


Petrobras avalia venda de subsidiária de transporte e descarta capitalização

O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, informou nesta sexta (15) que a companhia contratou um banco para avaliar a venda da Transpetro, sua subsidiária de transportes de petróleo. O processo faz parte do pacote de venda de ativos da empresa, com o qual a companhia pretende reduzir seu endividamento.

Segundo Monteiro, se bem sucedido, o programa de desinvestimentos garante à companhia a travessia do ano sem necessidade de novas captações nem socorro do governo. "A capitalização seria a última alternativa a ser perseguida e não está no nosso radar neste momento", afirmou o executivo.

"Nós, desde o início, trabalhamos para afastar a hipótese de recorrer ou ser assistido pelo Tesouro. Se não tivéssemos tomado as decisões que já foram tomadas, nós já teríamos, há muito tempo, batido na porta do Tesouro", comentou.

Ele não quis dar detalhes sobre a venda da Transpetro —que opera uma frota de 54 navios (41 próprios e 13 alugados) e a malha brasileira de dutos e terminais— alegando que o processo ainda está em fase embrionária.

A subsidiária foi criada em 1998, com a edição da lei 9.478/97, que pôs fim ao monopólio estatal no setor de petróleo. O objetivo foi garantir, às empresas privadas, acesso ao mercado brasileiro. A separação das atividades de transporte foi entendida por sindicatos como um passo para a privatização do segmento, que acabou não ocorrendo.

META

Monteiro diz que está confiante de que a Petrobras atingirá sua meta de vender US$ 14,4 bilhões em ativos este ano e explicou que a empresa inclui e retira projetos da vitrine de acordo com o interesse de compradores e com condições do mercado.

A fatia da estatal na petroquímica Braskem foi a última a ser incluída no pacote, que já tem campos de petróleo, gasodutos, usinas de biocombustíveis e uma fatia na BR Distribuidora. Até agora, a única grande operação fechada foi a venda de 49% da Gaspetro, subsidiária para o transporte de gás, que rendeu R$ 1,9 bilhão.

Monteiro adiantou que a empresa tem recebido manifestações de interesse também pelos ativos de fertilizantes.

"O programa (de venda de ativos) é chamado aqui dentro de 'Operação Desapega'", brincou o executivo, ao responder críticas do mercado com relação à percepção de que a Petrobras tem dificuldades para abrir mão de ativos. "Nosso trabalho é reunir as áreas e convencê-las (que o processo é importante)."

Segundo ele, se a meta de vendas for alcançada, a companhia passa por 2016 sem necessidade de captações e chega a julho de 2017 com US$ 15 bilhões em caixa.

PLANO DE NEGÓCIOS

A Petrobras lançou esta semana uma revisão de seu plano de negócios para o período entre 2015 e 2019, com corte de US$ 32 bilhões nos investimentos. Segundo o diretor financeiro da companhia, nova redução de investimentos "não está no radar", a menos que os preços do petróleo se mantenham em patamares muito baixos por um prazo mais longo.

O plano foi elaborado considerando o preço do petróleo a US$ 45 por barril em 2016, o que também gerou críticas no mercado. Segundo o executivo, essa é a média das previsões de bancos e instituições consultados pela empresa. "Elaboramos o plano há cerca de três semanas. E o que aconteceu depois foi inacreditável", disse, referindo-se à queda das cotações para a casa dos US$ 30 por barril.

A diretora de exploração e produção da companhia, Solange Guedes, explicou que 2/3 do corte de US$ 28 bilhões em sua área se dará em otimização de projetos, isto é, revisão do cronograma de construção de poços, etapa que consome cerca de 50% dos custos de um projeto de produção. Segundo ela, com maior produtividade, os campos do pré-sal precisarão de menos poços no início para manter os níveis de produção.

O restante do corte virá do adiamento de investimentos em exploração de novas reservas. Neste sentido, a estatal negocia com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) a revisão de prazos de avaliação de descobertas.

A empresa pretende iniciar uma "segunda onda" de renegociações de contratos com fornecedores. Na "primeira onda, no ano passado, obteve uma redução média de 13% nos custos de aluguel de sondas, embarcações e helicópteros. A meta agora é buscar contratos que ainda não foram renegociados.


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